Sócio em foco: Claudio Aydos

Vice-comodoro e presidente do Conselho Deliberativo por diversas vezes, nosso sócio recorda de sua participação com os Filhotes do Jangadeiros

A história de Claudio Aydos se confunde com a história do Jangadeiros e vice-versa. O seu pai é sócio fundador do Clube e, no dia 17 de dezembro de 1941, Aydos o acompanhou na festa de fundação do Janga. Desde aquela ocasião, ele nunca mais deixou de frequentá-lo. Foi no Jangadeiros onde encontrou o amor de sua vida, Lucy, com quem é casado há mais de 66 anos. “Desde que casamos, foi minha companheira e tripulante inseparável, pelos mais de 40 anos que navegamos por esse Guaíba e pela nossa bela Lagoa”, declara-se.

Os filhos do casal foram criados em meio ao mesmo ambiente e, à medida que completavam 4 anos de idade, passavam a navegar com os pais na embarcação da família apelidada de “Rajada”. Os três foram iatistas ativos e participaram de competições defendendo as cores do Janga. “Atualmente, é o nosso neto Lucas que está velejando e competindo. Já é a quarta geração de velejadores da família”, ressalta.

Aydos possui diferentes exclusividades dentro do Clube e teve um papel fundamental na sua administração. É sócio proprietário-ilha número 007 e foi o primeiro sócio benemérito. Foi vice-comodoro por cinco gestões e presidente do Conselho Deliberativo por onze vezes. Na primeira vez que foi eleito vice-comodoro junto ao Comodoro Walter Güttler, Aydos recorda de um conselho que recebeu de um dos dirigentes do Clube, cujo mandato estava terminando. “Ele me disse que administrar o Jangadeiros era uma barbada, era preciso apenas ‘aplicar um torniquete’ nos tais Filhotes dos Jangadeiros e tudo o mais seria uma tranquilidade”, recorda.

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O amigo dos Filhotes dos Jangadeiros 

Os Filhotes, na época, era uma espécie de clube paralelo. Criado em 1947 pelo sr. Leopoldo Geyer, tinha o objetivo de garantir e proteger o futuro esportivo do Jangadeiros, uma vez que a maioria dos sócios fundadores eram pessoas de uma faixa etária mais avançada. “Os Filhotes tinham diretoria própria, receita própria e até uma sede própria, localizada em frente ao Clube”, destaca.

Aydos tinha 24 anos na época, cerca de 10 anos a mais que os Filhotes. Ao invés de seguir a recomendação que recebera, a de “aplicar o torniquete”, ele decidiu fazer o contrário e buscou se enturmar com a gurizada, dando-lhes total apoio e incentivo. “Tivemos um entrosamento muito gostoso, do qual nasceram grandes amizades que eu cultivo até hoje com muito carinho. Devo admitir, porém, que alguns daqueles guris eram muito arteiros, para usar termos da época”, recorda.

A estratégia de Aydos para lidar com a rebeldia dos adolescentes foi a de mantê-los ocupados. “Organizei um intenso calendário de regatas internas, de forma a não sobrar, a eles, tempo para suas estripulias”, ressalta. Ele não se arrepende da decisão que tomou e relembra daqueles tempos com carinho. “Hoje, olhando para aquela época, através das lentes do tempo de quase 60 anos, vejo que fiz a coisa certa me enturmando com a gurizada. Daquele grupo de jovens saíram muitos campeões nacionais e internacionais de vela. Se eu tivesse aplicado o tal do torniquete, com certeza teria interrompido algumas dessas trajetórias tão bonitas e tão fecundas para a vida do nosso Clube”, orgulha-se.