Dos 11 aos 74 anos: Grande nome da vela mundial, Paulo Santos disputa Brasileiro de Snipe em Porto Alegre
Há milhões de pessoas no mundo, inúmeros personagens de uma mesma história. Entre tantos, alguns se destacam e chamam a atenção quando conhecemos as suas experiências. Paulo Santos é uma dessas pessoas que encantam. O atleta é um dos grandes nomes da vela mundial, principalmente na classe Snipe. O velejador está em Porto Alegre para a disputa do 69° Campeonato Brasileiro da categoria, que ocorre até sábado (27), no Clube dos Jangadeiros.
Paulo Santos é um dos competidores mais experientes do torneio. Aos 74 anos, soma cinco títulos Brasileiros, dois Europeus e duas medalhas de bronze em Mundiais, entre outros títulos na extensa carreira.
Apesar de hoje ser mais brasileiro do que qualquer outra coisa, Paulo nasceu em Angola, uma das ilhas próximas a Portugal. Muito jovem, com apenas 11 anos começou velejar nas águas de sua terra natal.
“Meu pai tinha barcos em Angola, em uma praia linda. Sempre gostei de ver os barcos a vela, me inscrevi na escolinha e como tinha um certo dom, consegui desde pequeno me destacar”, lembrou.
O talento natural logo ficou evidente e a carreira como velejador virou uma obviedade na vida de Paulo Santos. Inclusive, o atleta estava classificado para representar Portugal na Olimpíada de 1972, em Munique. Contudo, a Guerra Civil de Angola obrigou Paulo a encontrar um novo lar: o Brasil.
“Não consegui ir para a Olimpíada. Tive de fugir para o Brasil. O meu barco chegou e não deu tempo nem de abrir o caixote. Esta foi uma experiência muito negativa, mas já havia visitado o Brasil e escolhi este país para morar. Para mim, é o melhor país do mundo”, contou.
Há mais de 40 anos em terras brasileiras, Paulo Santos virou um dos principais destaques da classe Snipe no país, respeitado pelos títulos conquistados e pela história. Aos 74 anos e com a motivação de um garoto, o velejador ainda busca conquistas na carreira e tem uma nova oportunidade aqui, em Porto Alegre. O atleta projeta uma participação positiva no 69º Campeonato Brasileiro da Classe Snipe.
“Fiquei no Rio de Janeiro treinando 10 dias seguidos, em média 4 horas por dia. Para qualquer campeonato importante treinamos no mínimo 30 horas. Expectativa é de um bom resultado, dependendo dos ventos. Já conheço bastante as provas aqui, em Porto Alegre. Inclusive fui campeão brasileiro velejando no Jangadeiros”, comentou.
Por ser uma das referências da Classe Snipe e um dos velejadores mais experiências atuando em competições de alto nível, Paulo Santos ressalta a importância da categoria para o mundo da vela: “O Snipe é a classe que mais me apaixona, não só pela dificuldade, é uma classe muito difícil pelo preparo físico e que exige muita técnica. Por isso eu escolhi a classe nestes meus últimos anos de vela, por exigir muito de mim e ser extremamente competitiva. É um barco antigo, que exige muita dedicação, muito treino, muitas horas em cima do barco. É um barco que exige muito. O Brasil é referência, um dos maiores vencedores do Snipe. Além disso, é uma classe que cria grandes e novos velejadores. Robert Scheidt começou no Snipe, Torben Grael a mesma coisa”.
A primeira regata de pontuação iniciou nesta terça-feira (23), às 14h. As regatas seguem até sábado (27). No mesmo dia, às 18h, acontece a premiação na Sede da Ilha.