Netuno realiza rebatismo de barco no Clube dos Jangadeiros

Cerimônia foi realizada para batizar o barco Trovão, dos associados Luciana Machado e Norberto Mühle.

Uma visita muito especial marcou a última sexta-feira, 16 de agosto no Clube dos Jangadeiros. Com sua soberania sobre os mares e oceanos, Netuno apareceu no clube com a missão de rebatizar o barco do casal Luciana de Oliveira Collares Machado e Norberto Marcher Mühle.

Para muitos, a superstição de trocar o nome de um veleiro traz azar para as navegações do mesmo, uma vez que a ação é encarada como um desafio aos deuses. De acordo com a tradição, cada barco tem seu nome gravado nas célebres Tábuas de Netuno. É por elas que o Rei das Águas sabe da existência de cada um e os protege. Se o nome de uma embarcação é trocado sem o conhecimento de Netuno, ele perde a proteção porque a nova nomenclatura não consta nas Tábuas, conforme explica o início da cerimônia de rebatismo.

O barco em questão chamava-se Trim e foi adquirido por Norberto e Luciana em maio deste ano. “O barco estava em Tapes, fora d’água, no Clube Náutico Tapense, há mais de 3 anos. Depois de comprá-lo, nós passamos quase um mês indo a Tapes todos os finais de semana para dar uma geral nele e deixá-lo nas condições ideais para trazer a Porto Alegre. Feito isso, fizemos a travessia no feriadão de Corpus Christi”, conta Norberto.

Apesar de saber da superstição sobre a troca do nome do Trim, o casal resolveu, mesmo assim, batizar o trimarã amarelo com o nome de Trovão, apelido pelo qual Norberto é conhecido há mais de 40 anos na vela. Já na cerimônia, os comandantes estavam sobre a ilustre presença de Netuno, interpretado por Dieter Brack, de Maximilia de Paula, que foi a mestre de cerimônia, e dos cunhados, Letícia de Oliveira Collares Machado e Naio Cunha Martins. O ritual também foi acompanhado pelos associados Emílio Strassburger, Francisco Freitas e Clóvis e Riete, do veleiro Benjamim.

Para começar o ritual, é realizada a cerimônia de purificação do Trim, com os seguintes dizeres:

“Oh poderoso soberano dos mares e oceanos, a quem todos os barcos e nós que nos aventuramos em seus vastos domínios somos obrigados a prestar homenagens, lhe imploramos na sua imensa graça que elimine definitivamente de seus registros o nome TRIM, o qual deixou de ser uma entidade em seus domínios. Como prova disso, nós submetemos esta chapa que o ostenta para ser corroída por seus poderes e, para sempre, banida dos mares”.

Após isso, a chapa com o antigo nome do barco é jogada no rio. Seguindo a cerimônia, é hora de agradecer a generosidade de Netuno oferecendo um brinde ao soberano dos mares. Com uma garrafa de champanhe, parte do brinde é derramado nas águas observando o sentido de leste para oeste.

Logo após, é realizado o batismo com o novo nome do barco. Confira na íntegra abaixo:

“Oh Netuno, poderoso soberano dos mares e oceanos, a quem todos os barcos e nós que nos aventuramos em seus vastos domínios somos obrigados a prestar homenagens, lhe imploramos na sua imensa graça que registre nos seus livros esse valoroso barco, daqui em diante e para sempre chamado TROVÃO, guardando-o nos seus poderosos braços e tridente e garantindo sua segurança e breves singraduras através do seu reino. Em agradecimento por sua generosidade e grandeza, nós oferecemos este brinde à sua majestade e à sua corte.

Neste momento, é derramado o conteúdo da garrafa de champanhe no rio: menos uma taça para o capitão e uma taça para sua companheira, observando o sentido de oeste para leste. O próximo passo na cerimônia é para acalmar os deuses dos ventos. Isto lhe garantirá ventos favoráveis e mares calmos. Como os quatro ventos são irmãos, é razoável invocá-los ao mesmo tempo sem deixar de citá-los pelo nome.

“Oh poderosos soberanos dos ventos, sob cujo poder os nossos barcos atravessam indefesos a superfície dos mares, nós lhe imploramos que permita a este valoroso barco Trovão os benefícios da sua generosidade, garantindo ventos de acordo com as nossas necessidades”. Olhando para o norte, é derramada uma generosa porção de champanhe em uma taça apropriada e, apontando para o norte, declamou-se: “Oh Grande Boreas, soberano do vento norte, conceda-nos permissão para usar seus enormes poderes nas nossas singraduras, nunca nos submetendo ao açoite de seu poderoso Nordestão”. Olhando para o oeste, é feito o mesmo processo com champanhe em uma taça apropriada e, apontando para o oeste, declamou-se:

“Oh Grande Zephyrus, soberano do vento oeste, conceda-nos permissão para usar seus enormes poderes nas nossas singraduras, nunca nos submetendo ao açoite de seu terrível Minuano”. Olhando e apontando para o leste, derramou a mesma generosa porção de champanhe em uma taça apropriada e, apontando para o leste, declamou-se: “Oh Grande Eurus, soberano do vento leste, conceda-nos permissão para usar seus enormes poderes nas nossas singraduras, nunca nos submetendo ao açoite de suas impiedosas Lestadas”. Olhando e apontando para o sul é derramado a mesma generosa porção de champanhe em uma taça apropriada declamando: “Oh Grande Notus, soberano do vento sul, conceda-nos permissão para usar seus enormes poderes nas nossas singraduras, nunca nos submetendo ao açoite de suas devastadoras frentes frias”.

Realizado o batismo do novo nome, todos que acompanharam a cerimônia ergueram um brinde aos comandantes do Trovão e descerraram o novo nome do veleiro. Após mais um brinde, é hora de trazer a bordo todos os itens que contenham o novo nome da embarcação. “Toda a cerimônia ficou muito mais especial graças à surpresa feita pelo Dieter Brack. Não tínhamos ideia que ele realizar o ritual da forma como foi”, disse Norberto.

Confira abaixo as imagens do rebatismo.