Navegadores em Tempos de Isolamento

Traduzido e adaptado de Theo Stocker por Norberto Marcher Mühle.

À medida que o barômetro cai e a tempestade invisível ameaça, chega a hora de fechar as escotilhas e colocar outro rizo. São tempos turbulentos, mas, como marinheiros, estamos bem equipados para resistir a eles de várias maneiras.

Somos instados a nos auto-isolar; não é isso que muitos de nós fazem há anos, buscando a paz e a solidão de ser um navegador solitário? As lições sobre autoconfiança e estar à vontade em nossa própria companhia nos mantêm em uma boa situação.

Por outro lado, os marinheiros são um grupo sociável e a comunhão do mar é profunda. Podemos zarpar sozinhos, mas não há dúvida de que iríamos em auxílio de outro navegante em necessidade. Também estamos acostumados a nos comunicar por longas distâncias pelo rádio e várias redes de rádio, a família de chamadas de vídeo quando voltamos ao WiFi.

Então, como você passará os próximos meses? Nenhum de nós será capaz de continuar como se nada tivesse mudado. Se você ainda está por aí, o ritmo mais lento do mundo pode nos dar tempo para mexer em nossos barcos, percorrer a lista de afazeres, seguros em nossos próprios mundinhos. Há pouco ouvi um relato de Amyr Klink, onde ele pondera que talvez a humanidade estivesse mesmo precisando de um “chacoalhão” para repensar seus valores, suas prioridades. Menos “ter” e mais “ser”, “fazer”…

Se você está escondido em casa, há muito o que fazer. Pegue um diário de bordo antigo e deixe o virar das páginas levarem você de volta ao mar. Desenrole uma carta náutica e você terá o mundo ao seu alcance para planejar seu próximo cruzeiro. Ou talvez as páginas em sua mão possam ser o tônico que você precisa.

Agora é a hora de fazer um fogo, servir uma bebida e trançar um cabo, esperando até a tormenta passar. Tenho certeza de que, com os devidos cuidados, sairemos todos desta. De preferência melhores do que entramos. Façam, todos, a sua parte.

Que possamos logo nos encontrar pessoalmente.