Cruzeirista da Semana | Comandante André Luiz Halbig, o Chucrute.

Sócio há 44 anos e mais conhecido pelo apelido de Chucrute, nosso Cruzeirista da Semana do Clube dos Jangadeiros é o Comandante André Luiz Halbig.

O associado chegou ao Clube em 1976, como sócio filhote e veleja desde seu ingresso no Jangadeiros. Já teve dois veleiros Hobie Cat 16 e, atualmente, possui um barco da classe que está avariado desde 1998, pois “saiu voando, num temporal, na praia de Lagoinha, em Florianópolis, e está guardado em casa”, revela.

Confira abaixo a entrevista especial com André Luiz Halbig:

– Sócio há quanto tempo?
Já tenho 44 anos de clube. Entrei como sócio filhote em abril de 1976, e passei para Proprietário Ilha em dezembro de 1978.

– Como foi sua chegada no clube?
Foi em 1976, quando eu estava frequentando os cursos da Escola de Vela, recém inaugurada, e recebi uma correspondência do Veleiros do Sul, informando que em razão da minha idade eu extrapolava a condição de sócio depende (meu pai foi sócio do Veleiros praticamente desde a sua fundação). Nesta ocasião ele me perguntou: “E aí? O que queres?”, respondi que gostaria de me associar nos dois clubes. Levei um direto “NÃO”, “ou um ou outro, escolhe…”. Optei pelo Clube dos Jangadeiros.

– Campeonatos/eventos da vela que já participou?
Como eu não tinha barco, minha vida náutica começou acompanhando as regatas nos barcos de “comissão de regata”, e assim acabei participando de vários eventos organizados pelo Clube dos Jangadeiros, de cunho local, nacional e internacional (Mundial de 470 em 1980), como membro da “Equipe de Apoio e Resgate”. Antes de 1981, também participei de algumas regatas como proeiro, nas classes Pinguim e Snipe.

Em 1981 comprei um HC-16, e nesta classe competi em praticamente todos os eventos locais, e alguns nacionais, além do Festival Hollywood Vela, em Porto Alegre, Florianópolis e Guarujá.
Mas foi como tripulante de barcos de oceano, que tenho uma enormidade de participações em campeonatos, troféus e eventos, e por consequência, podium em alguns deles. As regatas mais importantes fora do estado foram o Circuito Rio de 1979, e diversos Circuitos de Vela de Santa Catarina.

– O que mais gosta no clube? Quais as melhores lembranças no Jangadeiros?
Quando comecei a frequentar o clube, era todo final de semana, e eventualmente alguma participação de eventos durante a semana (jantar das quintas-feiras). Quando me mudei para a o Bairro, o clube passou a ser o “quintal” da minha casa, ou seja, “é o lugar perfeito”: piscina, churrasqueiras, salão de festas, restaurante. É o melhor lugar para se contemplar a natureza, seja um temporal, o por do sol, ou o nascer da lua. Em 44 anos vividos dentro do clube, são inúmeras as lembranças, difícil escolher.

– Para você, ser cruzeirista é:
Navegar para um destino qualquer, em condições de segurança, sem hora para chegar. Conviver com outras pessoas que tenham este mesmo espirito. Auxiliar e orientar os que estão se iniciando na arte de navegar.

– Uma grande recordação de velejada?
A travessia do Oceano Atlântico (em um Amel 64) saindo de Toulon, na França até a Martinica, no Caribe. Uma navegada que durou dois meses (teve paradas de abastecimento e por mau tempo).

– O que não pode falta no barco?
Condições de segurança. A manutenção do barco deve estar em dia. E ter a bordo os itens de segurança e salvatagem, compatível com o barco, seja um monotipo ou um grande barco de oceano. Sempre que possível, água e comida, de acordo com o programa que estamos pretendendo fazer e do tamanho e das condições que a embarcação oferece. Além disto, uma boa companhia (para conversar e dar risadas), pois acredito que dividir o momento de uma boa navegada, seja numa regata ou num passeio sem compromisso é um prazer imensurável (pelo menos para mim é).

– Quais as principais dicas você daria para quem gostaria de velejar e comprar um barco?
Para quem ainda não sabe velejar, frequentar uma escola de vela. Quanto mais conhecimento sobre a arte de navegar, melhor vai ser esta escolha. Para quem já tem alguma noção, fazer um charter (o que ainda e difícil aqui no Sul), ou um “test sayling” no modelo de barco que está pensando em comprar. Conversar com pessoas que já tenham mais “horas de navegação”. Pois já vi muitas pessoas adquirirem um barco, que depois de pouco tempo, elas descobrem que a opção feita não atende os seus (ou dos familiares) anseios, e o barco acaba ficando “atirado / abandonado”.

Apesar de que muitos cruzeiristas afirmarem que não se interessam, eu defendo a ideia de que participar de “alguns” eventos de competição ou mesmo regatas / campeonatos seja uma boa escola, pois nas competições aprendemos varias manobras e aguçamos o nosso conhecimento na arte de navegar. E isto pode futuramente ajudar numa eventual situação difícil, seja de mau tempo ou de emergência.

Portanto quanto mais “horas” de navegação pudermos ter mais experiência vamos adquirir, pois é um aprendizado sem fim. Com todo este tempo que tenho de navegar, sempre surge algo novo principalmente com relação a questões meteorológicas, eventualmente quebras de algo a bordo, algum eletrônico que deixa de funcionar, ou mesmo motor que não quer funcionar (risos) ou seja, sempre surge um novo conhecimento.

– Para você, velejar é:
Resposta difícil. Só velejando para entender (risos). É uma integração total com a natureza. Nunca tente medir forças com ela. Ela sempre irá vencer. É um momento de recarregar as energias da alma, momentos de reflexão e relaxamento. É estar bem consigo mesmo.

Velejar (ou navegar) nos traz aprendizados que aplicamos na nossa vida, e acredito que nos torna pessoas melhores, no nosso convívio familiar, social e profissional. Tanto é que está cada vez mais difundido utilizar a arte de navegar para atividades de dinâmica de grupos em cursos de desenvolvimento pessoal. Velejando, seja em que condição ou em que barco for me sinto muito a vontade e realizado.

– Lugares memoráveis que já velejou?
O quintal da nossa casa é fantástico, Guaíba, Lagoas dos Patos e Mirim. Mas navegar no mar, acompanhado de golfinhos no entorno do barco, não tem preço. A costa brasileira é cheia de locais lindos.

– Lugares que gostaria de conhecer e velejar?
Fazer a costa brasileira “a passeio”, pois boa parte dela foi a trabalho, fazendo delivery. E como para sonhar não se paga imposto: Polinésia, Mediterrâneo, Caribe e Oceano Indico, ou seja, aqueles lugares bem mais ou menos, (risos).

– O que a vela representa na sua vida?
Posso dizer que me criei neste meio. A vela se confunde com a minha vida pessoal e profissional.
Varias empresas em que trabalhei (como Engenheiro Mecânico), foi em razão de convites ou indicação de pessoas que conheci no clube. Também trabalhei em quatro estaleiros, sendo que um deles foi o Estaleiro Só. Meu primeiro emprego foi na Sul Náutica. Além de ter prestado serviços de manutenção e delivery de veleiros e embarcações a motor. É no ambiente da vela que tenho a maior parte das minhas amizades.

– Um recado final para os velejadores:
Velejar rejuvenesce, enriquece o espírito. Aproveitem ao máximo as oportunidades. Não fiquem “achando” desculpas para iniciar grandes “aventuras”. Soltem as amarras e aproveitem o tempo, pois ele é curto.
BONS VENTOS A TODOS.