Cruzeirista da Semana | Maximilia de Paula

Maximilia de Paula, do veleiro de aço Arachane.

Para fechar o mês de novembro, nossa Cruzeirista da Semana do Clube dos Jangadeiros é a associada Maximilia de Paula, do veleiro de aço 32 pés Arachane.

Sócia do Jangadeiros deste 2012, Maximilia conta que começou a velejar como proeira de Hobie Cat 16, na Lagoa da Pinguela em 1999 e, destaca que ser cruzeirista é “escutar histórias dos outros, mas também ter muitas histórias pra contar”. Atualmente, possui um canal no YouTube com Dieter Brack chamado Dieter e Maxi Velejando Por Aí, onde contam os detalhes da construção do seu veleiro.

Confira abaixo a entrevista especial com Maximilia de Paula:

– Como foi sua chegada ao clube?
A chegada ao clube foi natural, pois nossos amigos sempre nos convidavam para vir do outro clube para este, já frequentávamos em regatas, em premiações de regatas, e a convite de amigos, então já nos sentíamos “em casa” muito antes de sermos sócios. Mas quando trouxemos o Arachane para o Jangadeiros foi muito legal, e está sendo até hoje um porto seguro onde temos grandes amigos e muitas recordações boas.

– Quais veleiros já teve?
Hobie Cat 16 – o Robocop, Hobie Cat 16 – o Tudo Azul, Vaqueiro 22 pés – o Garoa, Optimist, Laser, Oday 15, Ipanema 12 e o atual Vilas Boas 30 – o Arachane.

– Veleja há quanto tempo?
Comecei a velejar como proeira de Hobie Cat 16, na Lagoa da Pinguela em 1999, eu tinha 27 anos, quando conheci o Dieter Brack, ele já tinha o barco e me ensinou a velejar. No ano 2001, começamos a correr regatas de Hobie Cat 16, a primeira regata foi na abertura da Temporada de Vela, na Lagoa da Pinguela-Osório/RS, onde o Clube dos Jangadeiros compareceu com a flotilha de Laser, Optimist e Hobie Cat16 e HC14, além de outros clubes e velejadores do Sul.
Velejamos de Hobie Cat 16, em veleiros de oceano, no nosso Garoa, chegamos a ter o Garoa e dois HC16 ao mesmo tempo, até iniciar a construção do Veleiro de Cruzeiro em 2010, o qual temos hoje, o Arachane. Então velejo há 21 anos, desde 1999.

– Campeonatos/eventos da vela que já participou?
Participei de muitas regatas, tanto de monotipos HC16, como tripulante de Veleiro de Oceano, corríamos todas as regatas de HC16, intercaladas com as como tripulantes de regata de Oceano. Além de ser proeira do Cmte. Dieter no HC16, fui proeira do Veleiro Moicano/Delta26 do Cmte Ricardo Siegle, do Veleiro Fiapo/Scorpio26 do Cmte. João Luiz Mello.
Essa faina de regatas aconteceu por alguns anos, vários finais de semana comprometidos com regatas, foram regatas memoráveis, com muita parceria, muita diversão, onde aprendi técnicas e maneiras de cada comandante levar seu barco e tirar melhor proveito, mas aprendi também o que não copiar, de certa forma a adaptar ao estilo próprio. E dentro do estilo próprio sempre me voltei mais para a vela de cruzeiro, mas acho importante correr regatas para aprender e afinar a técnica.
Posso citar eventos como o Brascat, algumas das Copa Cidade de Porto Alegre do CDJ, Regatas Mar Aberto do RGYC, os Troféus Cayru do CDJ, e também dos cruzeiros Regata do Popa, Cruzeiro do Bugio, Poa – Tapes. Teve também o inesquecível Cruzeiro Regata Porto Alegre Rio Grande que fomos como o nosso veleiro de Cruzeiro o Garoa/Vaqueiro22.
Mas também os super velejaços organizados pela Cmte. Tina (Cristina Silveiro) do Veleiro Liberdade, no Clube Náutico Itapuã, eventos que deixam saudades para a nossa vela de cruzeiro, onde a confraternização era traço marcante.

– O que mais gosta no clube? Quais as lembranças no Jangadeiros?
Gosto da beleza do clube, da harmonia que encontro ao entrar no clube entre os veleiros e a natureza, gosto de rever e fazer novos amigos das conversas de trapiche, das confraternizações a bordo ou no clube, é um lugar que me faz muito bem. Gosto de encontrar e trocar ideias com as amigas Velejadoras do Jangadeiros, também gosto dos eventos dos Cruzeiristas do Jangadeiros.

– Para você, ser cruzeirista é:
Ser cruzeirista é escutar histórias dos outros, mas também ter muitas histórias pra contar. É ficar horas falando só sobre vela: barco, rumo, próxima navegada. É enfrentar cada momento a bordo e estar sempre pronta para o desconhecido, tendo planos para superar os desafios, é curtir a natureza sendo parte dela, é um estilo próprio de viver intensamente uma coisa de cada vez.

– Uma grande recordação de velejada?
Uma boa recordação é ter timoneado o Veleiro Lizard/Carena38, em vento de popa com todas as velas em cima (mezena, mestra e genoa) saindo de Abrolhos/BA rumo Caravelas/BA. Foi onde aprendi a entender o movimento do barco e o ajuste dos panos em popa. Nesta navegada fomos de Porto Seguro/BA até Niterói/RJ.

– O que não pode faltar no barco?
Não pode faltar planejamento, manutenção e cuidado. Acredito também que não pode faltar uma boa dose de atenção, outra de coragem para enfrentar as surpresas, e outra dose de medo para pensar bem nas ações que se vai fazer a bordo, e também o equilíbrio emocional tem que estar sempre a bordo, pois “sempre há muito que fazer a bordo”. Imprevistos acontecem com frequência e não tem outra maneira se não encarar e resolver, além é claro de humildade, alegria, parceria e empatia para com a tripulação.

– Quais as principais dicas você daria para quem gostaria de velejar e comprar um barco?
Antes de comprar o barco, eu acredito que a melhor escolha é aprender com quem já sabe. Eu fiz isso. Uma boa maneira é procurar uma escola de vela, fazer curso de monotipo, pois os monotipos são a base forte para aprender a velejar.
Até chegar à escolha deste ou daquele barco, eu acredito que seja importante velejar muito em vários tipos de monotipos, de veleiro de oceano, seja cruzeiro ou regata, procurar charter, aluguel de barcos, ler, estudar, assistir vídeos, filmes, enfim, experimentar e timonear, fazer proa de muitos barcos antes de adquirir o próprio barco.
Visitar estaleiros, visitar clubes, olhar modelos de barcos à venda, conversar muito e escutar as experiências e dicas de velejadores. Ter parâmetro para fazer uma escolha aproximada do que ser quer em um barco, porque o melhor barco é o que se tem, que nunca fica pronto, mas de olho no próximo barco.

– Para você, velejar é:
Aprender a viver cada dia mais autossuficiente, de ter respostas rápidas, de encarar desafios, e de curtir a vida de uma maneira muito especial. É optar por um estilo de vida em que escutar e aprender é uma suave rotina.

– Cinco lugares memoráveis que já velejou?
Lagoa dos Patos/RS
Baía de Todos os Santos/BA
Porto Seguro – Abrolhos – Rio de Janeiro
De Salvador até Porto Alegre
Angra dos Reis/RJ

– Cinco lugares que gostaria de conhecer e velejar?
Caribe
Passagem de Noroeste
Polinésia
Ilhas Geórgia do Sul
Europa

– O que a vela representa na sua vida?
Velejar faz parte da minha vida há 21 anos, é a minha vida entremeada com o náutico, que conheci e que me inseri muito rápido neste universo que até então era totalmente desconhecido. Aprender a velejar completou minha vida, me deu mais força para enfrentar grandes aventuras, sempre pensando em algo relacionado a velejar. Então, é um estilo próprio de aprender a viver cada dia mais autossuficiente, de ter respostas rápidas, de encarar desafios e de curtir a vida de uma maneira muito especial.

– Um recado final para os velejadores:
Como recado final penso que cada um pode descobrir o sentido que quer dar na sua vida, se for à vela ou em qualquer outro tipo de escolha, que seja pela plenitude de realização e felicidade. Se a escolha for por velejar, desejo que todos os velejadores tenham dias de muita realização sempre com um palmo de água abaixo da quilha. Bons ventos!