Saiba como são medidos os barcos da classe ORC Internacional
Antes de começar as disputas acirradas nas regatas da classe Oceano, todos os comandantes precisam realizar a medição de seus barcos. Mas afinal, por que eles são medidos?
As medições começaram devido à necessidade de equiparar barcos diferentes (projetos, tamanhos, anos, áreas velicas), para poderem correr a mesma regata de uma forma mais justa possível ou seja, que larguem juntos e seus tempos de regata fossem corrigidos para que sejam próximos.
Medidor oficial da ORC Internacional no Rio Grande do Sul, Carlos Bohne é um dos cinco medidores do Brasil e contou como funciona o processo para o barcos desta classe .
O conceito da regra é baseado em duas forças: a força que faz o barco andar e a força que faz o barco frear (a resistência na água).
As forças que fazem o barco andar são as velas (vela de proa, vela grande e a vela balão). Essas velas são medidas em pontos determinados para se calcular a área velica útil da vela. O comprimento e o tamanho do mastro também influenciam, assim como o comprimento da retranca. Todos esses fatores irão dimensionar a potência do barco para fazê-lo andar para frente.
Já as forças que fazem o barco frear, são as partes que estão dentro da água: o casco a quilha, o leme e o motor, também são medidos para ver o quanto de arrasto gera, ou seja, quanto o barco vai frear.
O componente destas duas forças vai gerar um número chamado de rating do barco, que na regra ORC Internacional é chamado de GPH. O GPH significa o tempo em segundo estimado que o barco levaria para percorrer uma milha. À partir deste número o certificado traz fatores que multiplicados pelo tempo de regata resultam no tempo corrigido da embarcação.
Também são feitas as medições de estabilidade, que irão determinar o quanto de vela o barco irá suportar, ou seja, a potência do barco. Essa medição é feita com um computador e um inclinômetro eletrônico. São colocados pesos do lado esquerdo (bombordo) e também no direto (boreste), para que então se façam quatro medições. Essas medidas são inseridas em um programa de computador que irá gerar o quanto o barco resiste de vela, quantos metros quadrados ele pode ter. Isso irá dimensionar a velocidade que ele pode andar nas condições de vento. Afinal, as velas são o motor do barco.
As medições são enviadas para o medidor chefe do Brasil, que faz uma checagem dessas informações. Sendo aprovado por ele, os dados são submetidos no site da ORC Internacional para gerar o certificado.
“Para mim é a regra mais evoluída de todas. Ela surgiu da IOR, depois evoluiu para IMS e agora se chama ORC Internacional, com 30 anos de evolução”, disse Bohne.
O certificado é válido por um ano e o comandante pode correr regatas ORC em qualquer lugar do mundo, como por exemplo, Rolex e Sidney-Hobart, pois é uma regra internacional com os mesmos padrões.
As medições das fotos foram realizadas no último sábado, onde foram medidos os barcos Delirium, Caulimaran e Magia Black