Luiz Szabo, um Jangadeiro
O Jangadeiros é um grande Clube hoje graças ao empenho e a dedicação de dezenas de personagens. Um deles é o Sr. Luiz Szabo, hoje com 87 anos, que lembra com saudade dos tempos de sua juventude, quando frequentava regularmente o Clube que ajudou a construir.
Szabo, de família húngara, pertencia ao Grêmio Esportivo Masson, que em 1948 tornou-se o Iate Clube Guaíba, com sede esportiva na Avenida Praia de Belas, na beira do Rio Guaíba. Ali, Leopoldo Geyer fomentou o esporte náutico, que atraiu Szabo. Com o aterro que mudou a paisagem da Zona Sul de Porto Alegre, o ICG ficou sem acesso ao Guaíba, portanto, sem condições para os velejadores por certo tempo.
Atento aos acontecimentos, o Jangadeiros recebeu de braços abertos os “náufragos” do antigo Clube, como Luiz se refere. Ele e seus companheiros chegaram com entusiasmo ao novo Clube, querendo vê-lo crescer. À época, o fundador Leopoldo Geyer já havia instituído os “Filhotes dos Jangadeiros”, com o qual o grupo se identificou por fazer parte da recente renovação.
Campeão Estadual na classe Sharpe, uma antiga embarcação de madeira, Luiz Szabo se tornaria capitão da Flotilha Pinguim, na qual seus filhos começaram a velejar. Foram diversas competições por boa parte do Brasil, Buenos Aires, Montevidéu e, mais tarde, nos Estados Unidos.
Mas, para que as competições ocorressem, era preciso que a categoria se unificasse em um padrão. Foi então que Szabo conseguiu a planta original, vinda da Alemanha, e regularizou a situação no país, feito que lhe rendeu o título de Chefe Nacional da Classe Pinguim, além de acumular o cargo de Vice-Comodoro Esportivo do Jangadeiros.
Ao longo de sua história com a vela, ainda foi vice-presidente da Federação de Vela e Motor, Presidente da Soamar e Comodoro do Clube dos Jangadeiros no ano de 1968. “Meu legado, e isso eu bato no peito para dizer, é que eu consegui unir as pessoas dos Clubes”, afirma ele, defensor da ideia de que a rivalidade entre as agremiações deve ficar na água.
O ex-Comodoro lembra-se com orgulho dos tempos de construção da Ilha, que veio a tomar forma graças ao esforço dos associados por nada além de puro amor ao Clube. Os finais de semana, seja auxiliando na colocação das pedras ou organizando festas para angariar fundos e dar forma a grandiosa obra, ainda estão bem vivos na memória de Luiz e sua esposa, Sônia Szabo, incansável na movimentação social e na própria concepção da Ilha.
“Minha maior satisfação é ver que a filosofia de nosso fundador está sendo levada adiante. É nos jovens que se deve pensar, pois eles são nosso futuro”, diz Luiz ao ser perguntado sobre o presente do Jangadeiros. Orgulhoso da Escola de Vela, a considera a “porta de entrada” do Clube, onde as crianças tem contato com os fundamentos e a filosofia do esporte náutico. Parecido com os “Filhotes dos Jangadeiros” nas primeiras décadas do Clube que se cruza com a história de Luiz Szabo.