Homenagem à Carlos Voegeli
Depoimento do comodoro Manuel Ruttkay Pereira
“Às pessoas excepcionalmente boas almejamos que sejam eternas! E, de quando em quando, percebemos que esse é um desejo bom, mas, até agora, de concretização impossível!
No dia 16 de março p.p. faleceu nosso Sócio Benemérito, Ex-Comodoro e Ex-Presidente do Conselho Deliberativo, Dr. Carlos Franco Voegeli. Lutou brava e estoicamente por aproximadamente 6 meses, contra doença que desafia a Medicina, com discrição e rodeado pelos seus! Entusiasta da navegação, foi campeão de motonáutica em sua juventude, vindo posteriormente a velejar intensamente com sua família e amigos.
Até seu passamento, cuidava de seu veleiro e de sua pequena lancha com a dedicação e perfeição com que identificam-se aqueles possuidores da características especiais! Foi dependente de seu pai até 1946, ingressou como sócio em 1955, tornou-se sócio proprietário-ilha em 1976 e ajudou o CDJ em todas as instâncias. Foi Comodoro de uma administração impecável em 1981-82 e um dos mais longevos Presidentes do Conselho Deliberativo, exercendo essa função com galhardia e tolerância nos períodos 1983-85 e 1994-99.
Sua participação ativa, ponderada e sábia rendeu-lhe o merecido título de Sócio Benemérito e o reconhecimento de todos os que o encontravam nos finais de semana curtindo o clube e as águas do Guaíba com sua Sílvia, seus filhos Elaine e Carlos, genro, nora e netos!
Como todos aqueles que são ungidos com qualidades singulares, escreveu uma história significativa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde tive o privilégio de ser seu aluno e imprimiu seus conceitos de excelência no Laboratório Central da Santa Casa de Porto Alegre.
Boa navegada irmão! Buscaremos seguir seus preceitos!”
Depoimento da sócia, Aimée Soares
“Nos anos 1950 – 1960, o Clube dos Jangadeiros, com pouco mais de uma década de existência, vivia uma etapa de crescimento e afirmação, ampliando o quadro social e participando assiduamente de competições de vela e motonáutica. Foi quando conheci os Voegeli: Carlos, seu irmão Cláudio e os pais, Hans e Maria. Hans Voegeli, o “seu Jim”, era ligado à motonáutica, tendo por vários anos assessorado a Comodoria do clube como diretor de motonáutica. Esse tempo vai longe, as lembranças já não são tão vivas, mas recordo que o Carlos, que ainda não tinha 20 anos, participava de corridas de lancha e convivia muito bem com os demais jovens do clube, na maioria velejadores.
Depois, houve um período de distanciamento. O Carlos dedicou-se a estudar e a construir sua carreira e sua própria família, vindo a casar-se com Sílvia Maria Salis, filha do Sr. Mário Salis, também associado do clube. Alguns anos mais tarde, o casal Carlos e Sílvia voltou ao nosso convívio com seus filhos Elaine Maria e Carlos Eduardo. Foi quando Carlos aderiu ao esporte da vela e adquiriu seu primeiro barco, o “Quantum”, integrando o grupo de vela de cruzeiro.
Em 1981, o Carlos foi eleito comodoro, sucedendo ao Edmundo Soares, que vinha de três gestões consecutivas. Reproduzindo o que escrevi no livro comemorativo ao cinquentenário do Jangadeiros, “Carlos Voegeli foi o primeiro Comodoro não oriundo do grupo que havia liderado a construção da ilha”. Acontecia, então, uma ‘abertura lenta e progressiva’ na política do clube. A comodoria do Carlos representou “um período de transição levado a termo com seriedade e responsabilidade, que determinou novos caminhos ao clube com maior participação do quadro social que, concluído o período difícil da ilha, voltava a frequentar o clube’. O que foi muito bom. Era preciso ocupar o novo território, arduamente construído, muito vasto, muito maior do que tínhamos na sede antiga.
Houve uma iniciativa do Carlos e seus companheiros de diretoria que me toca muito de perto: a criação, em 1981, quando o Jangadeiros completava 40 anos de fundação, do Troféu Edmundo Soares destinado a premiar anualmente, por ocasião dos festejos de aniversário do clube, o velejador mais destacado da temporada. O troféu foi apresentado durante um jantar em homenagem ao Edmundo, conduzido por um grupo das nossas crianças. Foi emocionante, o homenageado, feliz, não segurou as lágrimas ante a surpresa. O Carlos nos deixou recentemente. Dele vou guardar a lembrança de um bom amigo, que gostava muito do Jangadeiros, a ponto de lhe dedicar muito tempo de sua vida, seja como sócio, como comodoro e como presidente do Conselho Deliberativo por vários anos”.