Em um belo dia de sol, a V COPA QUEBRA GELO celebrou a vela de Oceano
Parabéns a todos os vencedores e, em especial, à afinada tripulação do Delirium, comandada por Darci Rebelo, campeã da mais competitiva classe do campeonato, a ORC Internacional
Os ventos fracos da competição que oscilaram entre 3 a 5 nós não reduziram o calor da disputa e o bom clima da confraternização na Escola de Vela Barra Limpa. “A Quebra Gelo acontece em uma época em que vento é inconstante. Tradicionalmente é difícil, tem que manter um olho na vela e outro nas marolas para detectar previamente o que está acontecendo na raia. A disputa foi acirrada na água com mudanças radicais de percurso devido ao vento ter rondado de 180º”, explica o comandante DARCI REBELO.
Na classe RGS, o título é do Drakkar, do comandante LEONARDO SANT’ANNA, também do Jangadeiros. Na Microtonner 19, venceu o Batucada, do comandante JOSÉ EDUARDO ARAÚJO (SAVA). O valente Viking, acostumado a velejar por lugares improváveis, de CRISTIAN YANZER, trouxe mais uma medalha para o Clube. Ficou em 1º lugar no Velejaço, na Muller 315. Já na Cruzeiro 30, o Stromboli, do comandante PEDRO CHIESA, mais um do Jangadeiros, foi o barco campeão. No comando do Calafate, GUSTAVO BOHER (Veleiros do Sul) levou o título na Cruzeiro 26.
“Foi muito bacana mesmo com vento fraco. Os adversários eram muito qualificados e a tripulação está de parabéns. Além de tudo, fez um baita dia”, comentou LEONARDO SANT´ANNA.
Darci Rebelo: “Eu sempre convido a todos: Venham velejar. Às vezes, a gente briga na raia, mas é algo sempre muito construtivo e gratificante. Acabamos nos envolvendo na regata e esquecendo os problemas do dia a dia”
Quando tinha doze anos, há 44 anos, Darci queria ser velejador, mas os pais não deixaram. “Um amigo velejava no Jangadeiros, mas eles achavam perigoso”. Um dia o menino ganhou um mini buggy, só que o motor fundiu: “O que fiz? Botei uma vela e fiquei andando. Nem se sonhava falar em windcar”.
Depois desta primeira experiência na vela, aos 18, o desejo de velejar continuava. Darci , então, comprou um barco Hobie Cat. Aos 19, casou e ganhou de presente de lua de mel uma estadia no Club Med, na Bahia. Ao chegar lá ficou deslumbrado com as aulas de vela. “Minha esposa, a Toly, costuma brincar que fiquei mais na água, aprendendo a velejar de Windsurf e Laser, do que em terra”.
Alguns anos depois, Darci comprou um Oday-23. Alternava as regatas de Hobie Cat com os passeios com a família. A esposa Toly era parceira das velejadas de Oday-23 com os filhos pequenos. “A Toly é valente, já velejou de Pelotas para Porto Alegre com 30 nós de vento. Não enjoa e nem se assusta. Não é regateira, mas até já correu uma regata noturna de Hobie Cat. São 37 anos de cumplicidade”.
Em 1997, o novo barco foi um Delta 32. Momento que começou a correr na classe RGS. “Ganhamos vários campeonatos”. Foi depois a vez da IMS, atual ORC. “Era uma classe muito disputada. Na primeiro regata que corremos, o prêmio era um carro zero quilômetro. Era muito competitivo, pois vinham barcos da Argentina, Uruguai, São Paulo e Rio para competir conosco, Até que começamos a nos dar conta de que podíamos vencer na IMS e depois na ORC também”.
“Muito mais do que uma tripulação, esta é a Família Delirium”
A tripulação de amigos do oceano, que venceu a disputa no último sábado (18), conta com seis velejadores, além de Darci: Carlos Silva, Régis Silva, Christian Hofstaetter e Eduard Wilson. “A tripulação também tem outros membros que velejam e comem churrasco juntos há décadas, o Carlos Felipe Hofstaetter, o Tiago Silva e o Marcus Silva. Muito mais do que uma tripulação, esta é a Família Delirium”.
Os irmãos Carlos e Regis Silva, parceiros de Darci na tripulação há cerca de 22 anos, comemoram a longa data com o comandante: “Aprendemos muita coisa juntos, passamos por muitas dificuldades também”, lembra Carlos. Regis, de 37 anos, diz que começou a velejar aos 16, “mas a minha primeira regata foi com o barco Delirium, com o Darci”, frisa.
O dia a dia do campeão é atribulado. Envolve as tarefas em um escritório, onde exerce o Direito – ele também é formado em Engenharia -, mas sempre encontra tempo para o barco. O comandante tem na vela uma “terapia”, em suas próprias palavras.
Darci tem três filhos, Nikolai, Aleksei e Natasha, uma neta, Laura. Mais dois netos que estão a caminho, os gêmeos Lucca e Bento. “Meus filhos correram algumas regatas, mas acabaram tomando outros rumos”, conta.