Cruzeirista da Semana | Comandante Marcelo Dutra

Comandante Marcelo Dutra, do veleiro Stromboli.

Nosso Cruzeirista da Semana do Clube dos Jangadeiros é o Comandante Marcelo Dutra, do veleiro Stromboli, um Skipper 30. Atual Capitão da Flotilha da Jangada, grupo de velejadores da classe Optimist do Jangadeiros, Marcelo é sócio desde 2017 e veleja há quatro anos.

Confira abaixo a entrevista especial com o Comandante Marcelo Dutra.

– Campeonatos/eventos da vela que já participou?
Somos iniciantes na arte de velejar e o ano passado marcou o início da nossa experiência e trajetória em regatas e velejaços. Dentre as oportunidades que tivemos em 2019, destacamos a participação nos velejaços de aniversário de 78 anos do Clube dos Jangadeiros e o de 85 anos do Veleiros do Sul, ocasião em que a nossa tripulação do Stromboli obteve os troféus de 1º lugar na sua classe nas duas oportunidades.

– O que mais gosta no clube? Alguma lembrança especial no Jangadeiros?
Nossa família começou a frequentar o Clube dos Jangadeiros em 2017, a fim de acompanhar o filho mais novo, Artur, quando ele se decidiu por frequentar a Escola de Vela Barra Limpa. Foi um ano marcante para nós, pois deslocamos todos os nossos programas de fins de semana para o Jangadeiros. Nesse ano, além do Artur, eu e a Fernanda, minha esposa, começamos também nosso envolvimento com o mundo da vela. Inicialmente fizemos o curso de monotipo, com o incansável instrutor Peter Nehm, e, mais tarde, nos matriculamos no curso de oceano, com o querido instrutor Eduardo Bojunga. Esse conjunto de atividades e vivências nos cativou e encantou, razão pela qual transformamos o Clube em nosso quintal de casa, uma ilha incrível e encantadora, cheia de amigos queridos e parceiros de programas e passeios ligados ao rio Guaíba e outros rios e mares do mundo.

– Ser cruzeirista é:
Um prazer e um estilo de vida que nos conecta com a natureza, com a liberdade e com as coisas mais simples que um barco nos limita/possibilita a ter e que, ao mesmo tempo, nos mostra o que realmente deve e pode ser essencial na vida.

– Uma grande recordação de velejada:
Nesse nosso curto período de vivências na vela, uma recordação marcante foi uma regata noturna de lua cheia, ocorrida no ano passado, especialmente pela mudança brusca do tempo, marcada por rajadas de vento cada vez mais fortes, que nos tiraram subitamente da zona de conforto, de encantamento com o incrível visual da lua, bem como da linda vista noturna de Porto Alegre a partir do rio Guaíba, para nos colocar na situação de lidar com o barco indócil e as esposas bastante “desconfortadas” com a situação. Situação difícil de esquecer.

– O que não pode faltar no barco?
No barco não pode faltar bom astral, alegria pela arte de velejar e o desprendimento de espaço e conforto pela tranquilidade e harmonia que a embarcação em água pode nos oferecer, sabendo aproveitar.

– Quais as principais dicas você daria para quem gostaria de velejar e comprar um barco?
A principal dica que temos para dar para alguém que não teve a oportunidade de ter uma infância ligada a vela, alguém que tem ou teve uma atividade profissional que o obriga ou obrigou a mudanças de sede de tempos em tempos, dificultando a associação a um clube esportivo/social ligado às atividades náuticas, como é o nosso caso, sugerimos fortemente que faça tudo bem devagarinho, experimentando cada momento de inserção no meio da vela, passo a passo.

O Clube dos Jangadeiros é o local ideal para isso, para essa transição de uma vida eminentemente “terrestre” para outra ligada ao meio náutico. Sendo assim, o melhor é começar pelos cursos básicos de monotipo e navegação em barcos do tipo oceano; depois as habilitações amadoras necessárias; e, por fim, o último passo: a decisão pela compra de uma embarcação que atenda aos seus anseios e preencha os pré-requisitos de seus conhecimentos, aptidões e habilitações, começando por um barco de entrada, a fim de se certificar se está ou não no caminho certo.

– Quais veleiros já teve?
Dois. Nosso barco de entrada foi o Baton, uma experiência incrível por se tratar de uma embarcação artesanal, romântica, antiga, muito bem concebida, construída e mantida pelo Sr Henrique d’Avila, até então seu único dono.
Em 2019, então, adquirimos o nosso segundo e atual barco: o Stromboli, um Skipper 30. Um barco fantástico!

– Como foi sua chegada no clube?
Como relatei anteriormente, nossa chegada ao Clube dos Jangadeiros se deu em função do desejo do nosso filho mais novo em velejar. Moramos a cerca de 500 metros do Jangadeiros, num condomínio de casas onde significativo número de amigos vizinhos já eram sócios do Clube e nos indicaram ser o Clube dos Jangadeiros o nosso melhor caminho. E assim foi! Hoje esses amigos de gosto comum pelo acompanhamento dos filhos velejadores e o nosso próprio de estar no Janga para volta e meia embarcar a fim de dar uma velejada, nos faz passar cada vez mais tempo juntos e sempre tendo o CDJ como ponto de encontro e partida, até mesmo, para outras aventuras náuticas dentro e fora do Brasil.

– Para você, velejar é:
Um estado de espírito!

– Um lugar memorável que já velejou:
Até o presente momento, sem dúvida, foi a experiência que tivemos em velejar em volta da ilha da Martinica, no Caribe, em maio do ano passado. Foi uma experiência e tanto a bordo de um catamarã de 42 pés, acompanhado de queridos casais de amigos, todos sócios do Janga.

– Cinco lugares que gostaria de conhecer e velejar:
Um deles ficou frustrado em função da conjuntura vivida por todos nós neste terrível ano de 2020, pois a exemplo de 2019, quando fomos para Martinica, no Caribe, este ano estávamos com as passagens compradas e a embarcação contratada para passarmos vários dias em volta das ilhas Seychelles, na costa da África.

Como consolação, agora em novembro, iremos velejar num dos lugares mais bonitos do Brasil: a região de Angra dos Reis, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro.

O terceiro desejo, ainda em águas brasileiras, é o de velejar em Fernando de Noronha, quem sabe um dia, até, com a possibilidade de participar de uma Refeno.

Fora do Brasil, a lista é fechada por uma viagem até o mar Adriático, na costa da Croácia, e, por fim, gostaríamos de conhecer uma pequena ilha ao norte da costa da Sicília, onde nela se localiza o vulcão Stromboli, um dos três vulcões em atividade da Itália.

– O que a vela representa na sua vida?
Hoje a vela representa um gosto, um lazer, um prazer e uma servidão, pois além de sermos donos de um barco de cruzeiro/oceano, há três anos temos um filho velejador da Flotilha da Jangada – a classe Optimist – do Clube dos Jangadeiros; minha esposa tem um snipe, como proeira e em parceria com outra mãe de velejadora da classe Optimist; e eu, atualmente, sou o Capitão da citada Flotilha da Jangada, sendo responsável por vinte crianças/ adolescentes velejadoras entre 9 a 14 anos da classe Optimist.

– Torce para algum time?
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e para todos os times que jogam contra o coirmão alvi-rubro.

– Um recado final para os velejadores?
Neste ano tão atípico, de tantas adversidades, quarentenas, percalços, perdas, entre outras mazelas, que todos nós reconheçamos e valorizemos mais o privilégio que tivemos e temos em poder embarcar, velejar e curtir livremente a natureza de uma forma ímpar, sobre a água e sob o céu, bastante próxima e conectada com o Pai Maior, que tudo pode!
Por fim, desejamos a todos os velejadores os melhores votos de bons ventos sempre!