Cruzeirista da Semana

O Cruzeirista desta semana é o Comandante Dieter Brack, do veleiro Arachane

 

Desde quando é sócio do Jangadeiros?

Sou sócio do Jangadeiros desde 2012, mas já frequentava o clube anteriormente em função de regatas e velejadas em barcos de amigos. Sempre foi o clube que mais simpatizamos.

 

Campeonatos/eventos da vela que já participei:

De 1997 a 2006, participar das regatas era a oportunidade que eu tinha de velejar em barcos de oceano, pois eu só velejava de Hobie Cat 16, que era o barco que eu tinha, então neste período participava de todas as regatas possíveis, dos 3 clubes de Porto Alegre e ainda tinha a obrigatoriedade de participar de 80% das regatas da minha classe(HC16), pois era sócio atleta de outro clube náutico e então estava na água correndo regata todos os finais de semana praticamente um final de semana monotipo no outro oceano.

Em 2006 comprei meu primeiro veleiro de oceano um veleiro de 22pés, o Garoa e então deixei as regatas um pouco de lado e passei a fazer navegadas de cruzeiro que sempre foram, e são até hoje, a minha paixão.

Os eventos que mais se destacaram foram as Copa cidade de Porto Alegre do CDJ, Conesul do VDS, Regata Mar Aberto do RGYC, os Troféus Cayru do CDJ, e também dos cruzeiros Regata do Popa, Cruzeiro do Bugio, Poa – Tapes e a Poa  – Rio Grande além é claro dos inúmeros velejaços organizados pela Tina para o Clube Náutico Itapuã e muitas outras.

 

Quais suas melhores lembranças no clube?

Uma das melhores lembranças que tenho no Jangadeiros, foi em 2001 quando embarquei no Veleiro Lizard, para fazer a perna Porto Alegre – Floripa porque esta seria minha navegada mais longa até então e minha primeira velejada no mar e num veleiro super equipado e que já tinha atravessado o Atlântico e agora estava rumo ao Caribe.

 

Para você, o que é ser cruzeirista?

Ser cruzeirista é ser autossuficiente, ser capaz de solucionar ou contornar os mais variados imprevistos a bordo, nos locais com as mais belas paisagens.

Não é só estar em sintonia com a natureza, mas sim fazer parte dela.

É estar sempre pronto para ajudar um amigo ou um desconhecido que esteja necessitando.

Ser cruzeirista é estar sempre fazendo novos amigos que chegam na marina ou numa ancoragem e toda hora se despedindo para talvez nos encontrarmos novamente num outro porto ali adiante ou nunca mais nos vermos.

 

Uma recordação

São muitas recordações das velejadas, e é difícil escolher uma, mas uma das que mais me marcaram foi a velejada da Bahia até o Rio de Janeiro. Chegar em Abrolhos velejando e curtir uns dias ancorado ali na Ilha de Sta Bárbara e fazer snorkell naquele paraíso foi fantástico, depois com escalas ainda em Caravelas, Vitória, Búzios, Arraial do Cabo e a chegada no Rio de Janeiro ao nascer do sol simplesmente fantástico. Nesta navegada ainda, fizemos amizade com um casal de velejadores Holandeses e seguimos velejando juntos até Rio Grande. De lá eles seguiram para Buenos Aires e nós para o Jangadeiros.

 

O que não pode faltar?

Num barco não pode faltar, planejamento, sem planejamento não conseguimos alcançar nem a próxima boia, também empatia porque precisamos tentar entender e compreender pelo que o outro está passando, pró atividade, porque o mar não dá folga para preguiça, depois pode ser tarde demais, humildade, porque nunca sabemos tudo, sempre temos algo para aprender e principalmente companheirismo, porque um barco sem parceiros para dividir os momentos tão especiais e os perrengues que se vive a bordo não existe.

 

Tem alguma dica para quem quer começar a velejar?

Primeiro passo, fazer os cursos em uma escola de vela, aprender a velejar, primeiro nos monotipos depois nos veleiros de oceano, conhecer os diferentes tipos de barcos e classes.

Segundo passo, banco de tripulantes, se oferecer como tripulante e participar das regatas, é uma ótima oportunidade para conhecer diferentes barcos,  e também de aprender um pouco mais sobre o mundo da vela, para então pouco a pouco ir descobrindo qual a sua vocação, qual é seu perfil, se mais cruzeiro ou mais regata, se quer um barco para longos cruzeiros no mar ou para cruzeiros pelo Guaíba e Lagoa dos Patos, etc e então descobrir qual o barco mais adequado para o seu perfil.

Terceiro passo comprar o primeiro barco, pode ser um monotipo mesmo, e pouco a pouco vai trocando de barco. O importante é estar sempre no meio e de preferência velejando.

Não existe barco perfeito, existe o barco que se pode ter e o barco que se tem. Então esteja satisfeito e aproveite o barco que tu tens, mas sempre em busca do barco ideal.

Velejar é como subir uma escada, precisa-se subir um degrau de cada vez.

 

Veleja a quanto tempo?

Meu primeiro contato com a vela foi quando criança, lá pelos 15 anos, talvez um pouco antes, velejando em monotipos de amigos, um Magnum (similar ao Laser) e um Hobie Cat 14 na praia do Estaleirinho em Santa Catarina onde veraneávamos.

Depois da primeira temporada na praia velejando, quando cheguei em casa entrei em contato com as lojas para comprar um veleiro para mim, queria um Magnum ou um Laser. Mas por desinformação minha e de meus pais, por achar muito inacessível, e por não conhecer as escolas de vela nem ter acesso aos clubes náuticos de Porto Alegre, o sonho de ter meu veleiro e de velejar foi ficando para depois, mas nunca saiu da cabeça.

Mas fui aprender a velejar mesmo quando tive meu primeiro barco, um Hobie cat 16 que comprei do Nelson Ilha em 1997. Inicialmente levei o barco para lagoa da Pinguela em Osório e lá dei meus primeiros bordos no meu veleiro, já no verão de 98 fui para Santa Catarina e levei o Hobie junto e passei todos os dias velejando ali entre Bombas Bombinhas e Porto Belo e para encerrar a temporada fiz a travessia de Bombinhas a Florianópolis de Hobie Cat 16.

Um sonho realizado

 

Quais veleiros já tive?

Já tive diversos veleiros neste meio tempo, foram dois Hobie Cat 16, Ipanema 12, O´day 15, Laser, Vaqueiro 22 o Garoa, e agora o Arachane com 30 pés de aço galvanizado.

 

Como foi sua chegada no clube?

Bom, minha chegada no clube foi a mais natural possível, já conhecia muitos associados e muitos barcos. Também já frequentava o clube como sócio conveniado ou como tripulante, sempre simpatizei com o Clube. Única coisa que mudou foi que passei a ser sócio e então pude passar a usufruir o clube como sócio.

No Jangadeiros sempre nos sentimos como se estivéssemos em casa.

Sempre fomos muito bem recebidos.

 

Para você, o que é velejar?

Para mim velejar é estar sempre atento as mudanças, interpretando os sinais da natureza e tomando as decisões de acordo. É uma constante busca pelo melhor desempenho do barco, mesmo em cruzeiro.

É uma busca constante por novos desafios.

 

Cinco lugares memoráveis que já velejou:

Mar del Plata, costa Uruguaia e Argentina, Paraty Ilha Grande e Região, Baia de Todos os Santos, Porto Belo e Abrolhos

 

Cinco lugares que gostaria de chegar velejando:

Passagem de Noroeste, Fiordes Chilenos, Ilhas Maurício, Polinésia e Ilhas Geórgia do Sul

 

O que a vela representa na sua vida?

A vela para mim é toda uma maneira de ser, de pensar e de agir. Usando uma palavra da moda, é um estilo de vida. Mas na verdade é muito mais que isto.

 

 

Torce para algum time?

Não gosto de futebol

 

Algum recado final para os velejadores?

Nunca desistam dos seus sonhos por mais impossível que ele pareça as vezes pode ser necessário um ajuste de velas uma corrigida no rumo, mas sigam seus objetivos.