Cruzeirista da Semana
Comandante Paulo Dariva, do veleiro Boré.
Nesta semana iniciaremos um novo quadro nas redes sociais do Clube dos Jangadeiros: o Cruzeirista da Semana. A ideia é compartilhar, semanalmente, o perfil de um Comandante dos cruzeiristas do clube, mostrando os diferentes estilos e personalidades dos velejadores que compõem o tradicional grupo do Jangadeiros.
Para começar, apresentamos o Comandante Paulo Dariva, do veleiro Boré. Sócio do Clube há seis anos, mesma época em que começou a velejar, Paulo traduz a vela como uma forma de viver, um verdadeiro estilo de vida. Nas suas palavras, velejar é sinônimo de liberdade, felicidade e desprendimento.
Confira o perfil do Comandante Paulo Dariva.
– Como foi sua chegada no clube?
Numa sexta-feira à tarde estava, na companhia de um amigo, Eduardo Kucker Zaffari, em uma sessão do Conselho Seccional da OAB/RS, do qual ambos fazemos parte, e ele me convidou para velejar no dia seguinte. Era algo que, na época, não dizia muita coisa para mim, mas aceitei o convite. O dia seguinte foi, por assim dizer, o amor à primeira vista, me apaixonei pela vela no mesmo momento. A partir daí, ingressei no clube, fiz curso de vela e adquiri meu primeiro veleiro.
– Quais campeonatos e/ou eventos da vela que já participou?
Sou cruzeirista, então competições e regatas não são o meu objetivo na vela. No entanto, já participei de algumas competições, como as velejadas noturnas, tanto do Jangadeiros, quanto do Veleiros do Sul, e também as regatas limpa trapiche do Iate Clube Guaíba. Também participei de duas edições da Circuito TECON, de Porto Alegre a Pelotas, e de uma edição do Troféu Cayru. Como eventos de cruzeiristas, posso citar os diversos Velejaços promovidos pelo Clube dos Jangadeiros, com e sem eventos em terra.
– O que mais gosta no clube?
O que mais gosto no clube é da interação que temos com amigos cruzeiristas e as amizades que o espaço em comum proporciona. A área de lazer do clube é magnífica, sem igual, no meu entender, no Estado do Rio Grande do Sul.
– Para você, ser cruzeirista é:
Ter espírito aventureiro, gostar de sentir o vento no rosto e apreciar a velejada, sem preocupação de hora para chegar ou de quem chega primeiro ao destino. É aproveitar o que veleiro nos proporciona no intervalo que vai da saída do clube ao fundeio no local de destino. É buscar, em seu barco, um local de conforto, com boas condições de habitabilidade, e poder confraternizar com os demais cruzeiristas amigos.
– Uma grande recordação de velejada:
Cada velejada é única, cada momento é um momento, e todas têm suas particularidades. Ventos fortes e ventos amenos, ambas as situações têm o seu prazer e valor singular. Como grande recordação, para citar apenas uma específica, dentre muitas, foi uma travessia que fiz no comando do Veleiro Bikoul, um Jeanneau 479, entre as ilhas gregas de Egina e Milos. Foram 76 milhas náuticas em que pegamos ventos fortes e constantes, de aproximadamente 40 nós, de alheta, e mar, também a favor, com ondas em trono de 2,5 metros, durante todo o percurso, com um belo desenvolvimento do barco e grande harmonia a bordo entre os tripulantes.
O que não pode faltar no barco?
O veleiro de cruzeiro é como uma segunda casa do velejador (quando não for realmente a sua moradia). Portanto, o veleiro de cruzeiro precisa ser um ambiente aconchegante e confortável, e proporcionar uma vida confortável a bordo, pois, por vezes, passamos diversos dias sem pisar em terra. Uma boa quantidade de água potável, formas limpas de gerar energia, um bom banco de baterias e, obviamente, uma boa geladeira.
– Quais as principais dicas você daria para quem gostaria de velejar e comprar um barco?
Para quem ainda não veleja, a minha sugestão é, primeiramente, tentar sair para velejar com algum conhecido, para experimentar. Se gostar, participar de um curso de vela, que lhe dará as principais noções para velejar e já lhe permitirá até mesmo sair sozinho (se tiver habilitação, obviamente). Somente após isso pensar em adquirir um barco. Neste quesito, a minha sugestão é, num primeiro momento, adquirir um veleiro (de cruzeiro) pequeno, em torno de 23 a 26 pés, para realmente aprender, na prática, a velejar. Quando já se sentir mais adaptado e seguro, aí sim buscar veleiros maiores que lhe proporcionarão mais estabilidade, segurança e conforto. E buscar, sempre, aprimoramento teórico sobre tudo que ela envolve: habilitações, meteorologia, manutenção do barco, etc. Na verdade, esse foi o caminho percorrido por mim.
– Quais veleiros já teve?
Tive 2 veleiros. O primeiro foi um O’Day 23, de nome Volare, que ainda permanece no Clube dos Jangadeiros (veleiro do Comandante César Missiaggia). Um ótimo e belo veleiro. Se puder indicar um veleiro para iniciar a vida na vela, não teria dúvida em indicar o O’Day 23. Meu segundo veleiro é o meu atual. É um Samoa 29, de nome Boré, projeto do conhecido Roberto Barros, o cabinho. Um excelente veleiro, muito robusto e confortável.
– Cinco lugares memoráveis que já velejou?
Grécia, Ilhas Baleares (Espanha), Ilha Grande, Paraty e Lagoa dos Patos/Guaíba. Constar o Guaíba e a Lagoa dos Patos, para quem não conhece, pode parecer estranho, mas quem passa noites nos diversos “cantos” do Guaíba, ou já velejou na Lagoa com ventos fortes, sabe do que estou falando.
– Cinco lugares que gostaria de conhecer e velejar?
Tahiti, Reino de Tonga, Nova Zelândia, Croácia, Terra do Fogo.
– Um recado final para os velejadores?
Quem sou eu para dar recado a velejadores? Não me sinto com esta autoridade… Mas se pudesse dizer algo, diria para sempre buscarem o aprimoramento teórico de tudo que envolve a vela: buscar as habilitações náuticas mais altas, estudar sempre a meteorologia, que possui papel significativo na vela e preocupar-se em manter o seu veleiro sempre em bom estado e funcionamento.