Conheça mais o sócio Luiz Fernando Velasco e o seu livro Caminhos da Lagoa dos Patos
Na primeira vez em que o sócio Luiz Fernando Velasco viajou de navio de Porto Alegre a Pelotas, a hidrovia ainda era um dos meios de transporte mais importantes entre a capital e o restante do Estado. O navio se chamava Cruzeiro, a viagem durava 12 horas e tinha muito de aventura. “Tinha 18 ou 19 anos, então foi em 1953 ou 1954. Esse naviozinho tinha o fundo chato, balançava muito. Aconteceu uma tempestade e todo mundo ficou enjoado”, contou o dentista e professor, hoje com 82 anos.
Foi também a primeira vez em que Velasco navegou pela Lagoa dos Patos e o começo de um fascínio que o fez, em 1990, lançar o livro “Caminhos da Lagoa dos Patos”. A obra, hoje esgotada, reúne informações e histórias sobre o segundo maior lago da América do Sul – com 10 mil km², perde apenas para o Maracaibo, na Venezuela. “Tem lugares ali em que não se enxerga a outra margem”, disse.
O transporte de passageiros hoje se resume ao catamarã que faz a ligação entre Porto Alegre e Guaíba, mas os navios de cargas ainda utilizam a Lagoa dos Patos. “Continua sendo bastante usada e devia ser ainda mais, mas precisa ser dragada em certos pontos para o trânsito ganhar maior eficiência”. A profundidade média é de 6 metros, mas na entrada do Guaíba chega a ser dez vezes maior. “Tenho mapas de 1800 e poucos que mostram que era um metro mais profunda, mas foi assoreando e ficando mais rasa”.
Comodoro do Clube Jangadeiros em duas gestões, membro efetivo do Conselho e integrante da Comissão de Ética, Velasco, claro, já navegou pela lagoa: “Tomei uns bons sustos por lá. A gente sai prometendo não voltar, mas volta. A margem voltada para o mar é muito baixa e o vento vem com força total. As ondas chegam a 2,3 metros. Quando se vai entrar na lagoa tem que conhecer isso”.
Giuseppe Garibaldi também usou a lagoa para fazer escaramuças
contra os inimigos
É uma viagem empolgante, mas que exige cuidados. “Tem de usar a carta de navegação e o GPS. Tem bancos de areia com vinte quilômetros de comprimento”. A Lagoa dos Patos também foi palco de episódios históricos. Foi, por exemplo, navegando pelas suas águas que um navio de passageiros chegou a Porto Alegre com a delegação do Rio Grande, o primeiro time de futebol do Estado, para um jogo de exibição em 1903, levando à fundação do Grêmio. Durante a Revolução Farroupilha, no século XIX, o aventureiro Giuseppe Garibaldi também usou a lagoa para fazer escaramuças contra os inimigos.
“Fiz o livro na época para que o pessoal conhecesse mais sobre a lagoa”, explicou. Além de informações e fatos históricos, o sócio também é um conhecedor de histórias curiosas: “Teve uma regata em São Lourenço e na chegada o pessoal se deu conta: cadê um dos navegadores? Tinha caído do barco. Já estava todo mundo lamentando a morte quando ele apareceu no clube. Caiu em cima de um banco de areia e voltou caminhando com a água pela cintura”.