1940: a primeira década do Jangadeiros

A criação do Clube dos Jangadeiros foi fruto da força de vontade e do idealismo do nosso patrono Leopoldo Geyer. Ao longo dos anos, o CDJ passou por ocorrências marcantes e, com a ajuda do sócio Cláudio Aydos, reconstruímos um pouco dessa história, passando década por década, até chegarmos ao 75º aniversário. De hoje até o mês de dezembro, recordamos cada um desses momenos e seus principais personagens.

Década de 1940

Comodoros: Leopoldo Geyer, Carlos Fleck, Amadeu Maisonnave, triunvirato com Luiz Heinz Hony, Alfredo Steiner e HelmuthSpieker, João Rodolfo Bade.

Presidentes do Conselho Deliberativo: Alberto Dubois Aydos, Antônio Vieira Pires, Leopoldo Geyer e José Antônio Aranha.

1941

Uma grande festa marcou a fundação do Clube dos Jangadeiros, no dia 7 de dezembro de 1941. Na oportunidade, o CDJ contava com 98 sócios-proprietários.

Quintal e pomar da chácara adquirida por Leopoldo Geyer. O cata-vento permaneceu por muitos anos

Quintal e pomar da chácara adquirida por Leopoldo Geyer. O cata-vento permaneceu por muitos anos

1942

Ano cheio de movimentações e desenvolvimento para o Clube. Ocorreu a construção de um pavilhão para que fossem guardados os barcos e material náutico, de uma sala de navegação e do vestiário masculino, onde hoje se encontram a secretaria, a loja EquinauticWear, parte da loja Equinautic e parte da sala da Genôa.

Também teve início a obra de adaptação da casa existente na propriedade, para servir de sede ao Jangadeiros. Mas a ampliação não parou por aí. Aconteceu ainda a construção do trapiche de 60 metros, em concreto armado, e de uma cancha de vôlei.

Para comemorar o primeiro aniversário, foram batizados os cinco barcos da classe Sharpie 12m2: Icó, Baturité, Ipú, Aracati e Poti. Por muito tempo, eles foram flotilha de competição do Clube.

O prefeito de Porto Alegre, José Loureiro da Silva, percorre o trapiche do Clube dos Jangadeiros após inaugurá-lo

O prefeito de Porto Alegre, José Loureiro da Silva, percorre o trapiche do Clube dos Jangadeiros após inaugurá-lo

1943

A ampliação continuou com a aquisição da chácara contígua, de propriedade da família Moreira. Também iniciou a obra para aumentar o pavilhão e oferecer aos sócios mais vagas para barco, além de local para um secador de velas (na época, elas eram feitas de algodão).
Atualmente, o salão de festas e o espaço gourmet ocupam a área.

As construções de 1943 incluem ainda duas canchas de tênis e uma rampa para a colocação dos barcos na água. Foi ainda neste ano, que o Clube introduziu a classe Jangadeiros, com a construção do “Rajada”, do dr. Alberto Aydos“Chegamos a ter oito unidades desta classe de barcos, os quais serviram de escola para muitos garotos do Clube”, conta Cláudio Aydos.

O Gaivota, classe Jangadeiro de Zoltan Kallai, é lançado à água

O Gaivota, classe Jangadeiro de Zoltan Kallai, é lançado à água

1944 a 1946

Como a maioria dos sócios-fundadores eram pessoas de mais idade e não tinham barcos, este foi um período de intensa atividade nos esportes terrestres, a exemplo do tênis e do vôlei. Foram realizados grandes torneios, sempre apoiados por um expressivo número de associados.

1947

Preocupado com o futuro do esporte da vela no Clube e considerando que entre os fundadores havia poucos velejadores, Leopoldo Geyer decidiu criar, em 19 de outubro, os “Filhotes do Jangadeiros”.“Era uma espécie de clube paralelo, com sede e administração dos próprios Filhotes, que eram filhos de sócios e outros meninos da redondeza. Foi, como se verá mais adiante, uma grande iniciativa do ‘seu’ Leopoldo”, relembra Cláudio.

Jangadeiros: uma história construída pelo amor de seus sócios

Da esquerda para direita: (atrás) Fernando Albuquerque, Sílvio Perez, Américo Haimel, Ralph Johnstone, Wagner Pereira, Paulo Renato Paradeda, Luiz Pejnovic, Luiz Landgraf, Waldemar Bier, Mario Teixeira e Bonífacio Rangel. (À frente) Kurt Keller,
Michael Weinschenck, Paulo Sérgio Paradeda, Luiz Carlos Lund, Arno Keller e Roberto Trindade.

Dezembro de 1941, quase 75 anos distante no tempo, é a data que deu início ao que hoje é o Jangadeiros. Embora idealizado por Leopoldo Geyer, o clube não é resultado de uma individualidade. Toda sua trajetória é marcada pela união daqueles que acreditaram em um projeto que nasceu como uma ideia ousada.

Sete décadas e meia depois, histórias não faltam para ilustrar o que a união e o amor de seus associados foi capaz de promover. Seja na força de manter uma tradição viva com passar dos anos ou no empenho de chegar mais longe pelo esporte, o Jangadeiros se tornou o local em que até uma improvável construção nasceu em meio ao Guaíba.

Uma churrasqueira dá início a uma tradição de mais de meio século

Pontualmente às 19h, começa mais um encontro do “Churrasco dos Piranhas”. Na pauta um pouco de futebol, uma pitada de política e muitas lembranças. Recordações de um tempo em que o clube não era nem sombra do que é hoje.

Pouco mais de meio século atrás, o Jangadeiros ainda não contava com uma churrasqueira para preparar as suculentas carnes assadas pelos competentes Silvio Perez e Mário Teixeira. Tudo mudou quando houve a troca na comodoria, conforme recorda Kurt Keller, um dos sócios mais antigos e também um apaixonado pelas histórias que viu surgir na beira do Guaíba.

“O Geraldo Linck foi convidado pelo Edgar Siegmann, por Edmundo Soares, por Cláudio Aydos e por mim para ser o comodoro da gestão de 60 a 62. Ele topou, mas com uma condição: que eu fosse seu vice-comodoro. Logo falei que precisávamos de um tesoureiro, um cara que mexesse com dinheiro. Foi então que convidamos o Eduardo Aaron, que veio do Iate Clube Guaíba”, lembra Keller.

Assim como Link, Aaron aceitou o convite prontamente, mas também com um porém: era preciso escolher uma data fixa e realizar um churrasco todas as semanas, sempre no mesmo dia e sem desculpas. Mas ainda faltava um elemento fundamental para fazer esse encontro acontecer: a churrasqueira.

Nada que um esforço conjunto não fosse capaz de dar conta. Cada sócio contribuiu um pouquinho para que, enfim, o tão sonhado churrasco pudesse acontecer. Pronto, estava criado o hoje tradicional “Churrasco dos Piranhas”, que já dura 56 anos sem falhar uma terça-feira sequer. Não há tempo ruim capaz de cancelar o encontro.

Mais uma prova da importância que o Jangadeiros ganha na vida de seus frequentadores. Além de um espaço de lazer e descontração, o evento se tornou um motivo para celebrar e fortificar amizades, algumas delas com duração de décadas.

A programação é sempre a mesma: toda segunda-feira pela manhã, Neni – como Keller é conhecido pelos demais sócios – manda um e-mail para os amigos, perguntando quem vai ao encontro. Dez, vinte, trinta confirmam e a quantidade de carne é comprada com todo o cuidado.

Uma ilha construída pedra a pedra

Entre uma interrupção e outra do sócio Luiz Pejnovic, que auxilia o assador servindo pedaços de salsichão, costela e vazio, Keller continua relembrando histórias do Jangadeiros, que também contam um pouco de sua vida.

“Sou sócio desde 7 de dezembro de 1941, data de fundação do Clube. Quando Leopoldo Geyer inaugurou o trapiche, ainda em janeiro de 1942, eu e meu irmão estávamos ao lado do muro, pouco mais de uma cabeça acima dele. Atrás de nós estava Cláudio Aydos. Meu irmão está com 82 anos, eu faço 80 na semana que vem e o Cláudio tem 87. Nós somos os três mais antigos do Jangadeiros”.

Quem chega ao Jangadeiros hoje em dia e vê aquela ilha imponente pode até não saber, mas ela nem sempre esteve por ali. Como tudo no Clube, foi construída com muito amor, conta Neni, com os olhos marejados e apontando para o seu próprio coração. É resultado de uma tarefa árdua e exaustiva.

“Era tudo, tudo no braço. Nós fizemos essa ilha trabalhando todas as terças-feiras. Seu Dorival levava uma chapa que nós conseguimos emprestada. Ela era encostada na pedreira e os trabalhadores carregavam com pedra. Na sexta-feira à noite, Dorival ia buscar e amarrava entre duas estacas. No sábado e domingo, íamos em grupo eu, Edmundo Soares e Geraldo Linck e descarregávamos uma a uma com a mão. As pedras afundavam e tu não via mais, porque elas caiam, rolavam e ficavam como uma pirâmide”, relembra em detalhes.

A construção continuaria nesse ritmo por décadas não fosse a chegada de um engenheiro, responsável por apresentar uma técnica inovadora e mais rápida. Por meio de um tecido, feito de material sintético, o protótipo estrangeiro conseguia conter o aterro sem a necessidade de colocação de brita. Tudo com alta durabilidade, sem apodrecer. Mais tarde, o teste seria implementado em diversas outras ilhas naturais.

Depois de 15 anos, a estrutura ficou pronta e o resultado não poderia ser melhor. Hoje denominada oficialmente Ilha dos Jangadeiros Geraldo Tollens Linck, homenageando um dos responsáveis pela sua construção, o complexo é um grande centro das atividades do clube. Com cerca de sete hectares de área, esse cartão postal possui instalações capazes de garantir o seu perfeito funcionamento e encantar a todos a cada fim de tarde.

Um canhão holandês em terras gaúchas

DSC_1214siteMas não apenas a ilha foi construída de pedra em pedra. Toda a história do Jangadeiros de encontros que se sucederam ano após ano, pouco a pouco. Um deles aconteceu em uma regata da Escola Naval e colocou integrantes do clube em contato com o então capitão de fragata Maximiano Eduardo da Silva Fonseca.

“Ele teria que passar à capitão de mar e guerra, a contra almirante, a vice-almirante, a almirante de esquadra e depois teria que ser escolhido pelo presidente como ministro. Esse cara conseguiu todas essas promoções, foi até à Escola Naval, tirou o canhão de dentro d’água e mandou para o Jangadeiros”, conta Neni na companhia do sócio Roberto Munhoz, que ajuda a relembrar os detalhes.

O canhão dado como presente é um modelo holandês, que costumava fazer parte da fachada da Escola Naval da Ilha de Villegagnon e ficava no acesso frontal para a entrada da Baía de Guanabara. Hoje apoiado em um carrinho de madeira, ele é parte do Jangadeiros e mais uma das histórias que ajudaram a construir a trajetória de 75 anos do clube.

Primeiro Mundial de Vela realizado no Hemisfério Sul

E por falar em histórias, não dá para pensar no Jangadeiros e não lembrar da relação do Clube com os esportes náuticos. Fernanda Oliveira, atleta revelada aqui e que neste ano disputa os Jogos Olímpicos 2016 na classe 470 da vela, é um dos exemplos mais icônicos, mas está longe de ser o único.

Afinal, a ligação com o universo esportivo não vem de hoje. Se difundir e expandir a prática do iatismo na capital gaúcha era um dos objetivos de Geyer desde o início, em 1959 o clube teve a honra de receber o Campeonato Mundial de Vela e chegar mais perto desse sonho.

“Eu disse para os organizadores da Classe Snipe que nós iríamos fazer o campeonato 20 barcos iguais ao meu, o que foi aprovado. Nós não só os construímos como toda a competição foi um sucesso completo. Isso tudo a gente fez por amor ao clube”, recorda Keller enquanto outros sócios se aproximam para oferecer um pedaço de carne recém saído da churrasqueira.

Aliás, amor ao clube é o sentimento que parece resumir os 75 anos do Jangadeiros e a relação com seus associados, desde os mais antigos até os recém chegados. É uma lição que passa de uma geração para a outra e ajuda a tornar o que era apenas sonho em um dos maiores clubes náuticos da capital gaúcha, além de uma referência no Brasil.

Homenagem a Luiz Szabo

O Jangadeiros é um grande Clube graças ao empenho e a dedicação de muitos de seus sócios. Um deles é o estimado sócio-benemérito Luiz Szabo, de 87 anos, que nos deixou nesta última terça-feira (10 de maio).

A comodoria do Jangadeiros e toda a família do Janga agradece a grande contribuição desse amigo e fiel escudeiro, um militante sempre atento e incansável pelas causas do Clube. Nos unimos ao sentimento da sua esposa Sônia Szabo, de seus filhos Pedro Luiz e Ladislau e de toda a sua família. Nosso grande agradecimento ao estimulante convívio, à amizade e à tantas alegrias compartilhadas!

Szabo, de família húngara, pertencia ao Grêmio Esportivo Masson, que em 1948 tornou-se o Iate Clube Guaíba. Ali, Leopoldo Geyer fomentou o esporte náutico, que atraiu Szabo. Com o aterro que mudou a paisagem da Zona Sul de Porto Alegre, o ICG ficou sem acesso ao Guaíba, portanto, sem condições para os velejadores por certo tempo.

Atento aos acontecimentos, o Jangadeiros recebeu de braços abertos os “náufragos” do antigo Clube, como Luiz se referia. Ele e seus companheiros chegaram com entusiasmo ao novo Clube, querendo vê-lo crescer. À época, o fundador Leopoldo Geyer já havia instituído os “Filhotes dos Jangadeiros”, com o qual o grupo se identificou por fazer parte da recente renovação.

Campeão Estadual na classe Sharpie, uma antiga embarcação de madeira, Szabo se tornaria capitão da Flotilha Pinguim, na qual seus filhos começaram a velejar. Foram diversas competições por boa parte do Brasil, Buenos Aires, Montevidéu e Estados Unidos. Mas, para que as competições ocorressem, era preciso que a categoria se unificasse em um padrão. Foi então que Szabo conseguiu a planta original, vinda da Alemanha, e regularizou a situação no País, feito que lhe rendeu o título de Chefe Nacional da Classe Pinguim, além de acumular o cargo de Vice-Comodoro Esportivo do Jangadeiros.

Ao longo de sua história com a vela, foi vice-presidente da Federação de Vela e Motor, presidente da Soamar (Sociedade Amigos da Marinha do Brasil) e comodoro do Jangadeiros em 1988. “Meu legado, e isso eu bato no peito para dizer, é que eu consegui unir as pessoas dos Clubes”, afirmou ele em entrevista ao Clube, defensor da ideia de que a rivalidade entre as agremiações deve ficar na água.

O ex-Comodoro lembrava com orgulho dos tempos de construção da Ilha, que veio a tomar forma graças ao esforço dos associados por puro amor ao Clube. Os finais de semana, seja auxiliando na colocação das pedras ou organizando festas para angariar fundos e dar forma a grandiosa obra, fizeram parte da memória de Luiz e sua esposa, Sônia Szabo, incansável na movimentação social e na própria concepção da Ilha.

“Minha maior satisfação é ver que a filosofia de nosso fundador está sendo levada adiante. É nos jovens que se deve pensar, pois eles são nosso futuro”, dizia Luiz Szabo. Orgulhoso da Escola de Vela Barra Limpa, sempre a considerou a “porta de entrada” do Clube, onde as crianças tem contato com os fundamentos e a filosofia do esporte náutico.

Depoimentos de amigos

Comodoro Manuel Ruttkay Pereira

“Sei que Luiz Szabo Adasz nasceu no Brasil, filho de húngaros, mas, para mim, ele tinha o jeito de quem havia vindo de Budapest, Giör ou Debrecen! Minha lembrança de pequeno era que, conduzido pelas mãos de meu avô, quando nos encontrávamos com a família Szabo, iniciava-se uma longa conversa em uma língua muito difícil e estranha, mas com a qual eu já estava acostumado e, lentamente, aprendia de forma rudimentar! Em todas as ocasiões nas quais nossos caminhos se cruzaram, sem exceção, sempre nos cumprimentamos no idioma magiar, aquele que até o diabo respeita, segundo Chico Buarque de Holanda! Ele brincava, explorando ao máximo meu limitado domínio da língua e eu esforçava-me para cumprir bem com o dever de não deixar cair a peteca dos Ruttkay! Certamente, conviver com o Szabo e beber da sua experiência e retitude ajudou-me, em muito, a entender o Jangadeiros e seus associados e também, em diversas ocasiões, a trilhar o caminho certo! Sua trajetória significativa e histórica dentro do CDJ está contada em outro texto desta News, com mais propriedade e correção do que eu poderia emprestar!

Szabo fez quase tudo dentro do Janga, sendo, inclusive, seu Comodoro, com excelente desempenho! Como poucos, não se retirou das lides do Clube que tanto amava após seu mandato e continuou, como Conselheiro extremamente atuante, até que as condições de saúde viessem a impor limites intransponíveis! Assim se comportando, ele reforçou em mim, a certeza de que muito bem representou a fibra, a coragem e a capacidade de trabalho dos húngaros que escolheram o sul desse imenso país para viver e deixar sua marca!
Partiu, para um outro patamar da existência, aquele que, dentro do Janga, trazia-me sempre, com traços muito vívidos e brilhantes, a lembrança carinhosa de László Ruttkay e seu veleiro, inspirador da minha intrínseca relação com este Clube! Querido Szabo: nessas novas paragens, certamente há um bom Sharpie a tua espera, ventos constantes e fortes como no Balaton e a companhia alegre e vibrante dos teus vários amigos e companheiros que disputarão, taco a taco, o direito de montar a bóia em primeiro lugar! Viszontlátásra! Istenveled!”  

 

 Vice-presidente do Conselho Deliberativo, Waldemar Bier

“Nosso amigo Szabo era um entusiasta pela prática do esporte da vela. Com o seu sotaque húngaro, calmo e apaixonado em incentivar os jovens, sempre foi um dos mais atuantes no Conselho do Clube. Tive o prazer de conviver muito com ele e a sua contribuição ao Jandadeiros é um legado que sempre iremos lembrar.” 

 

 Aimée Soares  

“Cláudio Aydos definiu bem nosso amigo Luiz Szabo: “Luiz Szabo, um jangadeiro”. Era mesmo. Ingressou no clube junto com vários outros velejadores, como Luiz Chagas, Ruben Goidanich, Luiz Schramm, Rodolfo Ahrons, Eduardo Aaron, Eduardo Jacobsen, o “Pescocinho” e Airton Farias, todos oriundos do Iate Clube Guaíba. Quem saiu ganhando foi o nosso clube, que viu chegar essa turma que não só se integrou totalmente à vida do Jangadeiros, como passou a colaborar de maneira permanente e muito produtiva, a ponto de nós, jangadeiros mais antigos, termos a sensação de que eles sempre estiveram conosco. O Szabo, contando com o apoio e participação constante da Sônia, sua mulher, deu uma importante contribuição à organização e ao sucesso da vela juvenil, na época em que os nossos meninos navegavam em barcos da classe Pinguim. Gente como Marco Aurélio, José Adolfo e Luiz Eduardo Paradeda, George e Peter Nehm, Renato Reckziegel, os próprios filhos do Szabo, Pedro Luiz e Ladislau, entre outros, devem guardar lembranças muito vivas das inúmeras viagens para campeonatos nacionais e internacionais, que renderam expressivas vitórias para o Clube dos Jangadeiros. Luiz e Sônia Szabo foram os anjos da guarda dessa gurizada.Sempre em colaboração estreita com a direção do clube, Luiz Szabo foi nosso vice-comodoro Esportivo em três diretorias, de 1977 a 1981, e Comodoro no período 1988/1990. Ultimamente, devido às suas condições de saúde, vinha ao clube somente em ocasiões especiais, mas continuava atento e interessado. Quando eu ia visitá-lo, sempre me recebia com esta pergunta “Aimée, como vai o nosso clube?” E aí falávamos longamente, o Jangadeiros sempre nos deu muitos assuntos. Vamos sentir muita saudade do Szabo, homem calmo e sereno, como disse seu filho Peti, e amigo de verdade, com um grande coração sempre cheio de carinho pelo Jangadeiros e pelos amigos que aqui encontrou.” 

 

Cláudio Aydos

“Esta semana perdi meu velho e grande amigo Luiz Szabo Adasz. Conheci o Luiz nos tempos do Ginásio Rosário. Solidificamos nossa amizade como velejadores no tempo em que ele disputava regatas pelo Iate Clube Guaíba com o seu “Tatagiba’ e eu pelo Jangadeiros com o meu “Rajada”. Arrisco-me a dizer que poucas pessoas tiveram ou têm tão grande amor pelo nosso Jangadeiros, onde ele foi vice-comodoro por várias vezes. Foi um ótimo Comodoro que, pelo seu grande trabalho e dedicação ao Clube, fez jus ao título de sócio benemérito. Szabo nos deixa para navegar em outros mares com ventos mais calmos, com certeza”

 

Pedro Pesce, vice-comodoro Administrativo

“O Szabo era um cara muito ponderado e extremamente comprometido com o Clube. Nunca faltava às reuniões de Conselho e mesmo com a saúde comprometida estava sempre ligado no Clube. Trabalhamos juntos durante 30 anos na Corsan. Era tranquilo, uma pessoa sensacional. O Jangadeiros era a vida dele. Temos muito a agradecer a esse nosso querido companheiro.” 

Depoimento Cláudio Aydos: Jangadeiros pelo Mundo

“Lembrei-me de uma pesquisa que fiz, em 1991, sobre as participações de nossos velejadores no exterior. Por oportuno e interessante, reproduzo, aqui, trechos daquele trabalho: As comemorações do cinquentenário do Clube dos Jangadeiros trouxeram a oportunidade ímpar, de por em prática uma ideia que há tempos eu acalentava, a de fazer uma pesquisa profunda sobre todas as participações de nosso clube e de nossos iatistas em competições no exterior, para recuperar e preservar este segmento importante da memória esportiva do Jangadeiros e divulgar amplamente os dados reunidos, para servir de estímulo aos nossos velejadores nos próximos 50 anos. Aliás, esses dados serviram de base para a elaboração daquele mapa-múndi que está exposto na Escola de Vela. Eis alguns resultados da pesquisa:

Localidades visitadas no exterior: A bandeira do Jangadeiros já esteve tremulando em 98 cidades diferentes espalhadas por 33 países de todo o mundo, sendo que 37 cidades foram visitadas mais de uma vez.

Países visitados pelo Jangadeiros: Bermudas, Portugal, Uruguai, Bahamas, Argentina, Canadá, Angola, Mallorca, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Chile, Dinamarca, Paraguai, Porto Rico, Austrália, França, Noruega, Inglaterra, Havaí, Holanda, Japão, Equador, Alemanha, Suécia, Estônia, Venezuela, Itália, Tahiti, Ilhas Canárias, Filipinas, Polônia, Finlândia

Iatistas participantes: Sobe a 182 o número de iatistas de nosso Clube que já tiveram oportunidade de participar em competições no exterior. Como muitos destes 182 atletas participaram mais de uma vez, registramos, ao todo, 744 presenças de velejadores do Jangadeiros no exterior. Vale dizer: se cada vez que um iatista nosso, ao sair para competir no exterior, tivesse levado consigo uma bandeira do clube e a deixasse por lá, seriam hoje (1991) “744 bandeiras do Clube dos Jangadeiros tremulando mundo afora”.

40 anos da Escola de Vela Barra Limpa

A primeira escola de vela do Rio Grande do Sul e uma das pioneiras no Brasil – a nossa Escola Barra Limpa – comemora o seu aniversário de quatro décadas neste domingo com a regata Troféu Barra Limpa. A competição, a partir das 10h, irá reunir a turma da Flotilha Optmist nas classes Veteranos, Estreantes e Escola de Vela (crianças que ainda não competem oficialmente). Para homenagear o espírito alegre, congregador e “boa gente” do jovem velejador Walter Hunshe, conhecido pelo apelido de Barra Limpa, o Jangada News conversou com sócios que são testemunhas dessa história e com meninos e meninas que viveram ou estão vivendo o bom clima da Escola.

Os depoimentos serão divulgados em série. O primeiro deles é de José Adolfo Paradeda, o careca, amigo pessoal do Barra Limpa e companheiros de vela. Em 1971, os dois conquistaram o título de Campeão Brasileiro da extinta classe Pinguim. A vitória foi comemorada em janeiro e em março do mesmo ano, chegou a triste notícia da morte do Barra Limpa, com apenas 19 anos, em um acidente na Cristovão Colombo, em Porto Alegre. Em agradecimento ao esporte e à contribuição do Clube na formação do Barra Limpa, o pai, Werner Hunsche, dono da tradicional Lojas Imcosul na época, tomou a decisão de construir uma escola de ponta, que serviu de modelo para outros grandes clubes do País.

Depoimento José Adolfo Paradeda: 40 anos da Escola de Vela Barra Limpa

“O Barra Limpa foi meu companheiro, tripulante e um amigo. Chegamos a ser campeões brasileiros na classe Pinguim quando ele tinha 19 anos e eu 20. Ele era meu proeiro e um cara muito bacana mesmo. Uma pessoa que se doava e que conquistou a simpatia de todos no Clube. No Jangadeiros, ele encontrou um lugar de acolhimento, que contribuiu muito para a sua formação e comportamento. O amor pela vela e as novas amizades contribuíram para serenar o espírito irrequieto, alegre e boa praça do meu amigo.

A doação da Escola de Vela pelo seu pai, Sr.Werner Hunche, empresário de sucesso na época, foi em agradecimento por tudo o que o Clube fez pelo seu filho, como faz até hoje por muitos outros jovens. Ele era muito agradecido ao convívio saudável, positivo e queria que muitas outras crianças e adolescentes pudessem passar por aquela formação.

A escola foi a primeira obra da Ilha do Jangadeiros. A partir da doação, foi desenvolvido um projeto arquitetônico e em 1972 era lançada a Pedra Fundamental na comodoria de Edgar Siegmann. A inauguração em 13 de dezembro de 1975 foi um cerimônia concorrida, com a presença de autoridades, Marinha, associados e convidados de outros clubes. O que mais marca nessa grande história de pioneirismo da nossa Escola de Velas, são as gerações de grandes atletas que passaram por ela. Um exemplo é a Fernanda Oliveira, que em 2016 está indo para a sua quinta Olimpíada e é a única brasileira a ter conquistado uma medalha nos jogos olímpicos em sua categoria, o meu filho Alexandre Paradeda, 10 vezes campeão brasileiro, o Gabriel Kieling, o Fábio Pillar (o Cachopa), o Tiago Brito, Lucas Mazin, Átila Pelin e muitos outros. Todos os meus filhos passaram pela Escola e minha neta está se formando nela.

Desde a fundação da Barra Limpa, havia uma preocupação muito grande com a formação dos professores, porque até então os velejadores mais velhos eram quem davam aulas para os mais jovens. Na época, foi fechado um convênio com a Secretaria de Educação e foram cedidos professores de Educação Física e a partir dai a escola foi criando uma cultura profissional de formação de monitores e professores. Sempre destaco que o mais importante na escola de vela, não é formar um campeão, mas desenvolver o prazer de velejar nas crianças desde cedo. A partir dai, a garotada vai ver, aos poucos, se realmente quer competir. O Clube oferece todos os caminhos para a pessoa seguir uma carreira esportiva se ela optar por isto. A escola também sempre foi um grande portão de entrada para novos sócios, isso é importante também, principalmente os pais das crianças que esta aprendendo a velejar, ou o próprio adulto que vem para a escola de vela, pois também temos cursos para os mais velhos.

E para finalizar, reafirmo que todos nós temos muito orgulho da Barra Limpa. Ela foi espelho para muitos outros clubes do Brasil. Por tantos méritos, temos o compromisso de manter a Escola viva em homenagem a família do meu amigo Barra Limpa. O Clube também é eternamente grato a todos os diretores e diretoras voluntários que passaram pela EVBL e, em especial, a primeira diretora Helga Piccolo, que contribuiu muito nos conteúdos didáticos e disciplina. Parabéns a todos que fazem parte desta história e que sejam muito bem-vindos o novos alunos de todas as idade, sócios ou não”.

Depoimento Helga Piccolo: 40 anos da Escola de Vela Barra Limpa

“Quando a escola Barra Limpa estava pronta e tinha que entrar em funcionamento, o nosso então comodoro Edgar Siegmann, chegou para mim e disse: “Olha Helga, tu és professora universitária, dá um jeito na escola”. E eu respondi: “Tu não queiras que eu dê aula de iatismo para os guris, eu vou dar aula de comportamento como iatista”.

Durante 40 anos fui professora da UFRGS, entrei em 57 e saí em 2010. E a escolinha foi fundada em 1974, ano do centenário da imigração alemã. O nosso comodoro também era de descendência alemã e tinha mais alemão do que qualquer coisa no Clube. Eu organizei o currículo e também dava aulas.

Fui a primeira diretora. Fiquei só quatro anos, por uma razão muito simples, a UFRGS mudou para Viamão. Aí eu disse “Olha Edgar, não é mais possível continuar”. Quando minha universidade era no centro, antes de eu ir para a aula passava na escola para ver se tudo estava em dia e se precisava tomar alguma providência. Quando o Werner doou a escola, o genro dele, que era engenheiro, foi pra Alemanha pesquisar escolas de vela. Ele então desenhou o modelo e nos apresentou e tal qual como ele previu a escola foi levantada.

Eu não conheço nenhuma escola de vela que tenha o mesmo desenho que a nossa. Uma coisa a gente deve sempre lembrar, na Europa, basicamente, o iatismo é praticado no mar e não no rio. Então, isso tinha que ser tomado em consideração. Foi levantado um morro e em cima desse morro se plantou a escola. E um dos grandes artistas plásticos do Rio Grande do Sul – Vasco Prado – gravou aquela imagem que está na porta de entrada. Sempre gosto de lembrar o seguinte: o Barra Limpa encontrou na Escola de Vela um caminho, uma orientação, ele se acertou no iatismo. Foi o iatismo que criou responsabilidade no guri.

A escola contribui muito na formação da personalidade dos nossos “pias”.  Fui a primeira doutora em história no Rio Grande do Sul, cursado na USP. A minha biografia contribuiu para auxiliar no projeto da Barra Limpa – a minha grande paixão. Eu tive muitos alunos que se destacaram no iatismo. Por exemplo, a família do Careca (José Adolfo Paradeda) é toda de iatistas, o meu vizinho, que é filho do Edgar, também. Minha filha não pratica mais, e agora só o Hilton pratica na classe Oceano. Ele já foi campeão mundial da extinta classe Pinguim e campeão sul- americano na classe Snipe.

Barra Limpa também foi meu aluno aqui em casa. A mãe dele pediu para eu dar duro nele e eu dei. E ele me respeitava muito. Na escola tínhamos código de disciplina, eu sempre fui muito severa, inclusive na universidade, que não me viessem entrar na aula para bagunçar!

Mas eu nunca me incomodei com os alunos e muito menos com os pais. Muitas vezes os pais não gostam de rigor. Meus alunos até hoje, sempre dizem: “Olha Helga, como tuas aulas foram boas e como tu nos ensinaste respeito e não apenas dentro da sala de aula”.

Depoimento Aimée Soares: 40 anos da Escola de Vela Barra Limpa

“Minha história com o Jangadeiros vem da minha infância, quando meu pai associou-se ao Clube um ano após a sua fundação. Mas foi mais tarde, quando minha família se mudou para o bairro Tristeza, que passamos a frequentá-lo assiduamente. Nessa época, o Clube já contava com um grupo numeroso de jovens que praticamente passavam ali todo o seu tempo livre e a maioria já velejava nos barcos das classes Sharpie 12m, que estavam à disposição graças a iniciativa do fundador e patrono, Sr. Leopoldo Geyer.

Dessa turma, tempos depois, saíram vários campeões e pessoas que muito trabalharam para que o Jangadeiros fosse o lindo clube de que todos desfrutamos. É interessante assinalar que muitas famílias se formaram dentro do nosso Clube, inclusive a minha, pois em 1966 casei-me com Edmundo Fróes Soares e nossas três filhas, Marina, Laura e Beatriz praticamente cresceram dentro do Jangadeiros. O Edmundo era uma pessoa muito ativa e totalmente apaixonado pelo clube e desde muito jovem começou a participar das diretorias. Aos 23 anos, era vice-comodoro e não parou mais. Ocupou a comodoria em seis oportunidades, inclusive nas difíceis fases de implantação da Ilha, lá por 1965.

Acompanhei a cerimônia de doação da Escola Barra Limpa ao clube, feita pelo casal Werner e Liciê Hunsche em memória de seu filho Walter, o Barra Limpa. Acompanhei, também, todas as etapas de sua construção, a grande festa de inauguração, em dezembro de 1975, e o sucesso da iniciativa, graças ao grupo qualificado que passou a trabalhar ali, como os professores João Carlos Correa Cavalcanti e Margaret Biasi, cedidos pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul mediante convênio, sob a direção eficiente de sua primeira diretora, Helga Landgraf Piccolo. Mais tarde, na gestão do Comodoro Carlos Voegeli, fui convidada a dirigir a escola e ali permaneci por uns dois anos. Foi uma época em que a televisão, mostrando a sua força, “despejou” na
Barra Limpa uma quantidade enorme de gente querendo aprender a velejar, graças a uma novela em que os heróis eram velejadores”.

Tivemos que ampliar o grupo de professores e isso foi feito admitindo-se para estágio probatório seis estudantes de educação física, dos quais dois permaneceram na escola, por seleção, ao final do estágio. Foi um belo período em que a Escola de Vela Barra Limpa angariou muitos novos associados para o Clube, o que continua fazendo até hoje e isso é excelente, pois são pessoas que ingressam no clube por gostarem de velejar. Afinal, o Jangadeiros foi fundado para ser um clube de vela!

Depoimento Cláudio Aydos: Formação dos velejadores

O Clube dos Jangadeiros foi fundado praticamente sem barcos. O Sr. Leopoldo Geyer financiou para o Clube cinco barcos da classe Sharpie 12m2. Pois bem, esses barcos no dia do primeiro aniversário do Jangadeiros foram devidamente batizados pelas senhoritas Eunice Bergallo, Ignez Baer, Maria da Graça Moreira, Lourdes Siegmann e Inge Albrecht. Foi uma bela festa que contou até com a presença do deus Netuno (foto), trazendo um garrafão de água do Ceará para a cerimônia, pois os barcos receberam nomes de rios e/ou cidades daquele Estado.

Estes cinco barcos constituíam a flotilha de competição do nosso clube. No princípio, entretanto, além de poucos barcos, tínhamos também poucos velejadores em nosso quadro de sócios fundadores. Então o Comodoro Leopoldo Geyer, que era um homem de visão, querendo atrair mais gente para o esporte da vela, determinou que os cinco novos barcos pudessem também ser usados por sócios, que não tendo barco, quisessem desfrutar as belezas e delícias do esporte.

Esse uso seria feito mediante o pagamento de uma módica taxa, proporcional ao tempo de utilização dos barcos. Era preciso apenas que os candidatos tivessem alguma noção básica do manejo do barco, tal como armar o barco, envergar e içar as velas, rizar e ferrar panos, navegar em asa de pombo, virar por davante e virar em roda (o temível “Halsen” dos alemães) e por fim, desarmar tudo, ajudar a subir o barco no guindaste e pendurar as velas no secador.

Além disso, os “novos” velejadores deviam comprometer-se a ficar velejando somente em nossa enseada, entre as pontas do Cachimbo e do Dionísio, ou seja, à vista do marinheiro do clube. Trabalhava no clube nessa época, o Sr. Arno Crusius, antigo velejador, que além da função de gerente, fazia as vezes de instrutor de vela. Belíssima figura, o “seu” Arno Crusius!

Era ele que “examinava” os candidatos a alugar um barco do clube, para ver se tinham as noções básicas acima mencionadas. Eu, que já velejava desde antes da fundação do Jangadeiros, também tive que submeter-me ao “exame “pois eu era considerado muito guri, para querer navegar num sharpie 12m2.

Diploma TimoneiroeditQuem passasse no exame, recebia um “diploma” de timoneiro, constituído por um medalhão de madeira com uns 20 cm de diâmetro representando um “fundo de barril de chope”, pois todo o novo diplomado devia pagar uma rodada de chope aos velejadores veteranos. Eram momentos muito divertidos.

Esses medalhões, (foto) por muito tempo ficaram ornamentando as paredes da sede do nosso clube. Infelizmente, esta tradição e este ritual foram descontinuados e mais tarde, quando o clube entrou em obras para a ampliação de sua sede, a diretoria resolveu que os medalhões fossem entregues, cada um ao seu dono. Assim, desde então, mantenho o meu “fundo de barril” enfeitando a parede da minha sala.”

Depoimento Kurt Keller: Quadro dos Jangadeiros

Em 1964, logo que assumiu a vice-comodoria, Kurt Keller, ao lado do então comodoro Edmundo Soares (gestão 1964/1966), encontrou em um depósito do Clube uma antiga fotografia emoldurada e deteriorada pelo tempo. A fotografia em questão tinha um grande significado histórico pois, segundo Kurt, foi esta imagem, de uma jangada chegando em terra, que inspirou o fundador e desportista Leopoldo Geyer a batizar o Clube dos Jangadeiros com esse nome.

Sob encomenda de Kurt Keller, o pintor gaúcho Posluchni recriou a imagem em um quadro à óleo que permanece fixado hoje no restaurante Pimenta Rosa, do continente. “A pintura foi produzida, emoldurada e, sobre ela, foi fixada uma pequena placa para lembrar que se tratava de uma lembrança da gestão 64/66, dispensando os nomes da comodoria”, explica Keller. Segundo ele, são poucos os associados do Clube dos Jangadeiros que sabem desta história.

Segundo Keller, ao dar o nome “Jangadeiros” ao Clube, Leopoldo Geyer encomendou cinco barcos da classe Sharpie 12 M2, para que o Jangadeiros iniciasse competindo com seus coirmãos, mais velhos, Veleiros do Sul e Iate Clube Guaíba. As cinco embarcações receberam os nomes de Aracati, Baturité, Icó, Ipú e Poti, representando os cinco rios do Ceará.