Batimetria do Comandante Cristian Yanzer revela imagens de naufrágio e obstáculos à navegação no Saco de Tapes
Trabalho realizado a bordo do veleiro Vikyng é um dos destaques para aprimorar a segurança na navegação nas águas do Sul.
Em uma de suas recentes contribuições para aprimorar as informações de navegação nas águas do Sul, o trabalho de batimetrias realizado pelo Comandante Cristian Yanzer, do veleiro Vikyng, revelou imagens de um histórico naufrágio e obstáculos à navegação no Saco de Tapes.
O comandante designou esta época do ano para realizar uma série de batimetrias na região de Tapes, passando por tradicionais e conhecidos pontos como o do Farol Cristóvão Pereira, do Porto do Barquinho e do Banco São Simão. O objetivo era fazer uma investigação de um antigo mangrulho que existia em um banco próximo, conhecido como Ponta do Hugo ou Pau do Hugo. “Eu fui fazer a investigação de onde estava aquele mangrulho, pois teve um sócio do Clube que bateu com seu barco há alguns anos atrás, quebrou a canoa e quase afundou. Na ocasião, conseguiram ajudar ele e leva-lo para o Clube Náutico Tapense. Esse mangrulho ficou como mistério por muitos anos, pois ninguém sabia onde ele estava”, conta Cristian.
No último final de semana, Cristian estava navegando por essa região, tentando encontrar exatamente onde mangrulho estava, marcando com os equipamentos eletrônicos do barco Vikyng. Depois de fazer o levantamento, encontrou o mangrulho e marcou o ponto exato no aplicativo Navionics (utilizado por muitos velejadores em navegações), solucionando um dos mistérios do local e contribuindo para a segurança das embarcações.
Entretanto, aproveitou a oportunidade para investigar um naufrágio que aconteceu também dentro do Saco de Tapes, próximo ao Pontal de Santo Antônio. “É um naufrágio muito antigo, que aconteceu nos anos 30, do navio Betânia, que era uma chata com 75 metros de comprimento que afundou por um motivo misterioso. Lá ninguém sabe exatamente o que aconteceu. Ela teria afundado com um carregamento de trilhos de trem. Eu já tinha lido sobre isto, mas ainda não sabia muitos detalhes”, disse o Comandante
De acordo com Cristian, a chata possui uma marcação na carta da Marinha partindo do ponto onde existe um naufrágio. Ao navegar com seu barco com o sidescan ligado para chegar ao determinado ponto, o Comandante passou em cima de um navio naufragado, detalhe este que lhe chamou atenção pelo fato de que estava cerca de 1km de distância do local marcado na carta. “Eu passei por cima dela e marquei o ponto e, após isso, ainda fui no ponto da carta náutica e descobri que não havia naufrágio no ponto marcado. Então, voltei para investigar a chata que eu tinha achado por acaso. No meu ponto de vista o naufrágio está marcado no ponto errado na carta. Agora, no app Navionics, marquei no local exato da embarcação. Fiz várias imagens da chata e também realizei a medição do navio, tudo isso inserido Navionics no sentido em que ela se encontra no fundo, entre quatro e cinco metros de profundidade”, revela Cristian, que ainda complementa destacando que muitos pescadores já passaram por ali e bateram na embarcação. Além disso, nos períodos em que a Lagoa está baixa, – chegando a ficar com menos de 2m abaixo da linha da água-, pode-se concluir que barcos com 2m de calado bateriam na chata.
Com esta grande colaboração no trabalho realizado nas batimetrias, a iniciativa facilita a navegação nas regiões e aumenta a segurança para os comandantes que velejam nas proximidades. “Era um risco a navegação que não estava cartografado e que tem uma importância capital, porque poderia causar um naufrágio. Agora que ela está marcada, vai ajudar não só os navegadores da região, quanto também os pescadores que trancavam suas redes ali naquele ponto”, finaliza.