Cruzeirista da Semana | Lúcia Fleck Altmayer, do veleiro RAJÁ V
Seguindo o quadro Cruzeirista da Semana do Clube dos Jangadeiros, hoje vamos conhecer um pouquinho da história, estilo e personalidade da associada Lúcia Fleck Altmayer, do veleiro Rajá V.
Velejar, nas palavras de Lúcia é “uma meditação. Ativa, mas ainda uma meditação, onde nos conectamos diretamente com a Natureza – vento, água, sol, chuva – com aquilo que é superior a nós”. Apesar de quase nunca ir ao estádio, é colorada de coração, desde sempre. Hoje, no Clube, além de estar dentro do barco, adora sentar nas esculturas de velas e olhar o Guaíba.
Confira o perfil da Comandante Lúcia Altmayer.
– Como foi sua chegada no clube?
Frequento o Jangadeiros desde mesmo antes de eu nascer! Meus pais velejavam e passavam seus fins de semana no clube, bem como participavam de todas as atividades pertinentes.
– O que mais gosta no clube?
Para mim, contemplar o Guaíba, ali do muro branco das taquareiras (isso antes de ter a ilha), sempre foi muito especial. Pescar lambari com isca de pão, e depois soltar, sentada no muro com meu primo Cabelinho me cuidando – uma das memórias mais antigas, quando ainda não velejava.
– Como foi o início da sua trajetória náutica no Clube?
Antes de ser uma Cruzeirista, velejava de monotipo. Comecei a velejar realmente aos 10 anos, quando ganhei um Optimist. Foi quando a classe iniciou no Clube, com uns barcos de fibra recém-chegados. Foram muitos aprendizados, e muitas amizades. Com direito a viagens para outros estados com toda a turma. Ir de ônibus até Recife, foi uma das grandes aventuras.
– E após o Optimist?
Depois do Optimist passei a velejar de Pinguim. Mais aprendizados, viagens, e grandes amigas: Carla Piccolo e Graciela Busato! Aí veio o tempo do Laser, que na época só tinha o Standard! Sem essa de radial! Bem pesado! Mas desta experiência, tivemos a oportunidade de participar de um campeonato mundial feminino na Holanda, velejando com Lilian Fiedler na classe 420. Depois do Laser, veio o Windsurf. Nesta época não velejava mais no Clube. Aproveitava a praia de Ipanema. Me afastei um tempo dos velejos. Só velejava esporadicamente com meu Pai no RAJÁ. Mas não aguentei ficar muito tempo longe das águas. Retornei então já como cruzeirista, velejando num O’day23, o BRISA. (Teve por pouco tempo também o SOTAVENTO, um Bruma 19).
– Uma grande recordação de velejada:
Ainda tenho na memória uma velejada Rio de Janeiro/Rio Grande, quando do retorno do RAJÁ de algum circuito por lá. Tripulação família: Gastão, Verinha, meu irmão Cláudio, Chico Feijó e mais dois que não recordo (geralmente tinham 7 a bordo), vieram os golfinhos nos acompanhar… ficaram ali nadando junto ao casco, brincando nas ondas… isto foi fantástico!
– O que não pode faltar no barco?
Deste convívio com meu Pai e com a Vela, para mim, o que mais precisamos a bordo é segurança. Sabermos respeitar nossas limitações, e as do material que temos, e saber respeitar a força da Natureza. Dependemos desta avaliação constantemente para não colocarmos em riscos desnecessários nem a nosso barco, nem nossa tripulação, nem a nós mesmos. Para tanto, acho fundamental que possamos nos acercar de ferramentas e conhecimentos para não sermos pegos de surpresa em situações desfavoráveis. Estudar, aprender, ouvir e compartilhar experiências a respeito sempre que possível.
– Para você, ser cruzeirista é:
Além do prazer de velejar, ter um barco é um constante arrumar e consertar, mas que envolve e nos faz conhecer cada vez mais cada pedacinho da “casinha flutuante”. Assim, quando saímos para o velejo, as surpresas ficam diminuídas e o deleite de sentir o vento no rosto, enxergar o horizonte, ouvir o barulho da água no casco se tornam as únicas coisas a se preocupar.
– Quais lugares gostaria de velejar?
Nunca velejei no Caribe. Quem sabe qualquer dia destes?
– Quais as principais dicas você daria para quem gostaria de velejar e comprar um barco?
Se eu fosse comprar um barco hoje, avaliaria em que locais gostaria de velejar, e dentro deste perfil procuraria um barco compatível (tamanho x calado). Para aqueles que nunca velejaram, fazer uma escola é bem importante e fundamental – muitos aprendizados.
– Cinco lugares memoráveis que já velejou?
A Vela além de ter me ensinado a respeitar e admirar a Natureza e suas forças, me ensinou a respeito de camaradagem e convívio, além do espírito de equipe tanto dentro de um barco, como fora, em situações adversas, de mantermos a segurança e auxilio a todos; me levou a conhecer outras águas no Brasil e em países vizinhos como Uruguai e Argentina, bem como na Europa.
Lugares a lembrar:
– O aconchego de São Lourenço – mesmo em pleno Carnaval
– A temperatura da água em Fortaleza em um campeonato de Hobie Cat – que delícia
– Negativamente, pelo menos naquela época, a sujeira da Baía da Guanabara boiando no meio da raia de regata
– A paciência daqueles que velejam na Lagoa Rodrigo de Freitas com pouco vento, comparando com a nossa raia da Pedra Redonda, quase sempre com vento.
– Uma boa velejada até Itapuã com pernoite abrigado perto da Ilha das Pombas. (Nem pensar dormir na praia do sítio – morro dos ventos uivantes –risos-) Um bom banho de lagoa na Praia de fora