Comandante César Missiaggia, do veleiro Volare, relata a sua recente velejada solo pela Lagoa Mirim

Em expedição realizada com demais embarcações no local, velejador conta como foi a aventura navegando em seu Oday 23 e as inspirações para realizar a navegação.

Neste diário de bordo especial do Clube dos Jangadeiros, o Comandante César Missiaggia, do veleiro Volare, destaca com detalhes e informações a sua recente velejada em solo a bordo do seu Oday 23 na Lagoa Mirim. Os locais por onde passou, as histórias e as dificuldades percorridas durante o trajeto são alguns dos pontos relatados nesta aventura que surgiu a partir da curiosidade e inspiração em navegar por um dos principais locais do Rio Grande do Sul.

Confira abaixo o relato da Expedição Lagoa Mirim 2020 nas palavras de César Missiaggia.

Minha curiosidade pela Lagoa Mirim iniciou no ano de 2012, quando aleatoriamente descobri um site onde um grupo havia postado suas histórias e fotos maravilhosas sobre sua navegação em pequenos veleiros por aquelas águas.

No início deste ano, quando estava no clube me preparando para uma saída de final de semana com meu veleiro Volare, um Oday 23, recebi a visita do Comandante Paulo Angonese, do veleiro Kauana III, que veio me convidar para compor a flotilha para a Lagoa Mirim.

A ideia inicial era navegarmos em 10 embarcações, com previsão de sairmos no dia 14 de março de Pelotas rumo a Jaguarão, chegando lá até o dia 18. Depois passaríamos a navegar por águas uruguaias na parte sul da lagoa, sempre avaliando as condições de navegabilidade diariamente, adequando o roteiro às circunstâncias que surgissem e com retorno previsto para Pelotas até dia 29 de março.

Sexta-feira – 13 de março
Nos reunimos no clube Veleiros Saldanha da Gama (VSG), onde fomos muito bem recebidos com um churrasco organizado pelo Comandante Ary, do veleiro Tolerância Zero, de lá mesmo. Nossos veleiros estavam lá desde a semana anterior.

Sábado – 14 de março
Ao amanhecer, partimos do VSG subindo o canal de São Gonçalo em seis embarcações: o veleiro Kauana III (Clube dos Jangadeiros), do Comandante Paulo Angonese e os tripulantes Ilhescas, Numair e Juliano; o veleiro Pomerano (Iate Clube Guaíba), do Comandante Carlos com os tripulantes Lima e Luís; o veleiro Mutuca (Iate Clube Guaíba), com o Comandante Fábio e os tripulantes Elson e João, o veleiro Feliz Navegante (Veleiros do Sul), com o Comandante Paulo Mordente em solo, o veleiro Cruzué (Iate Clube de São Lourenço do Sul), do Comandante Robinson com os tripulantes André e Álvaro; e, por fim, eu com meu veleiro Volare (Clube dos Jangadeiros) em solo, pois o tripulante que iria me acompanhar teve problemas de saúde com um familiar alguns dias antes e desistiu.

O canal de São Gonçalo. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Iniciamos a subida do canal de São Gonçalo, que tem em média 250m de largura com 6 a 7m de profundidade, indo contra a correnteza, com vento Noroeste (NE) ajudando nos panos e com auxílio do motor, mais ou menos dependendo da curvatura do rio. Durante a passagem sob a ponte da linha férrea, sobre o canal que tem duas torres e uma parte móvel na parte central, avistamos logo atrás as duas pontes rodoviárias. Neste momento iniciou aquele frio na barriga, como se estivesse atravessando a Ponta Grossa pela primeira vez e entrando novas águas.

Ponte ferroviária. Foto – César Missiaggia-Divulgação


Logo em seguida, chegamos na eclusa a 4,5mn do Saldanha da Gama. Aguardamos alguns minutos, pois ela tem horários predefinidos. Assim que abriu, entramos e, após os procedimentos, seguimos nossa viagem. Ali me pareceu passar por um portal do tempo, logo os sinais da civilização foram desaparecendo, perdemos o sinal de telefone e internet e apareceu muito campo com criação de gado nas margens, poucas casas habitadas, algumas taperas e, à medida que fomos avançando no canal, aumentava a mata nativa. Passamos por algumas embarcações de extração de areia, de pescadores e outras de lazer.

Embarcação de extração de areia. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Quando chegamos na Ilha Grande, após ter navegado em torno de 25 milhas náuticas (mn), tivemos que nos abrigar de um temporal em uma das barrancas do rio. Esperamos passar e prosseguimos por mais 1,5mn rio a cima, onde ficamos na primeira noite na margem a bombordo do canal pequeno da ilha grande.

Abrigo, esperando passar o temporal. César Missiaggia-Divulgação
Ponte ferroviária. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Domingo – 15 de março
Partimos ao amanhecer, subindo aproximadamente 6mn pelo canal até Santa Isabel. A ancoragem neste ponto foi um pouco apertada, pois o canal é bastante fundo até a margem e o vento entrando de Sudeste (SE) nos deixou um espaço muito pequeno para atracarmos no meio dos barcos dos pescadores. Fizemos uma pequena parada, dando uma caminhada para conhecer, comprar gelo dos pescadores e aproveitar o último sinal de internet até a foz do Rio Jaguarão. O tripulante André, do veleiro Cruzué, desembarcou aqui.

Igreja de Santa Isabel. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Subimos o canal por mais 2,5mn e chegamos ao famoso sangradouro da Lagoa Mirim, onde ela desemboca no canal de São Gonçalo, dando a sensação de entrar em mundo novo, como se estivesse passando pela primeira vez o farol de Itapuã e entrando na Lagoa dos Patos. Neste momento, nosso parceiro do Feliz Navegante se despediu e retornou, seguindo seu plano inicial.

Entramos no sangradouro através do canal com 30m de largura e estava com 1,4m de profundidade por 7mn rumo ao Sul, deixando a boreste destroços de mangrulhos e estacas de sinalização, vento Sudeste (SE), com névoa e chuvisqueiro. Neste momento, as marcações passadas anteriormente pelo Comandante Angonese foram muito importantes. Vencemos o canal sem dificuldade, passando o baixio do sangradouro seguindo o plano A, arroio das palmas, que fica a 5mn a Oeste da saída do canal do sangradouro.

Mangrulho no canal do Sangradouro. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Chegando na entrada do arroio, mesmo tendo os pontos no programa Navionics, o vento forte Sudeste, ondas, chuvisqueiro, navegando solo e com os dedos molhados não consegui mais acionar o telefone para conferir os pontos no programa. Tentei seguir os colegas, mas eles estavam um pouco longes, pois meu barco, por ser um projeto mais antigo, é mais lento e tem o calado mínimo um pouco maior do que os demais.

Como consequência, errei a pequena entrada e encalhei o barco. O vento e as ondas começaram a me jogar para praia, passei por alguns momentos de sufoco, mas logo fui socorrido pelos colegas do Mutuca. Em decorrência, a bolina ficou presa na caixa e recolhida pelo resto da viagem, não conseguindo mais destravá-la. Vale considerar que os muitos rios e arroios da Lagoa Mirim são como nosso arroio Araçá, onde se forma uma coroa com pouca profundidade na foz, mas sempre tem um pequeno caminho um pouco mais fácil de acessar e depois, dentro do arroio ou rio, há uma profundidade considerável por algumas milhas acima.

A Lagoa Mirim é semelhante ao nosso Guaíba e Lagoa dos Patos, o nível da água sofre uma interferência muito forte dos ventos e se ficássemos no arroio das Palmas e o vento virasse, como era a previsão, ficaríamos presos dentro do arroio até o vento virar novamente. Com esta avaliação, decidimos ir para o plano B, o arroio Chasqueiro que fica em torno de 8mn ao Sul, navegando com uma profundidade média de 1,5m. Neste trajeto, o motor de meu barco começou a falhar. Tive que ser rebocado pelo Mutuca até substituir as conexões e mangueiras que levam combustível do tanque ao motor. Assim, ele voltou a funcionar.

Arroio Chasqueiro. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Entramos todos sem problemas no arroio Chasqueiro, lugar bem abrigado com pequena praia de areias brancas, vegetação nativa nas margens, um grande campo com criação de gado mais adentro e diversas espécies de aves. Atracamos na barranca e armamos um pequeno acampamento embaixo das árvores nativas – lugar tão lindo que nos fez decidir ficar mais um dia. Aproveitamos o segundo dia descansar e navegar arroio acima até a sede da fazenda onde tem fios de energia elétrica que impedem prosseguir. Neste segundo dia apareceu um peão da fazenda andando a cavalo na outra margem do arroio com as vestimentas de gaúcho. Ele iniciou a conversa perguntando se estávamos ali para fugir do Covid-19. Conversamos um pouco e depois ele seguiu seu caminho.

Acampamento no Arroio Chasqueiro. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Terça-feira – 17 de março
Partimos ao amanhecer rumo a foz do Rio Jaguarão. Tive um pequeno encalhe na saída, desci, empurrei e soltou sem problemas. Prosseguimos da parte superior da Lagoa Mirim, que tem profundidade média de 1,5m, e entramos na parte do meio, mais larga e que nesta época do ano tem profundidade média de 4,5m.

Seguimos nossa rota com uma ótima velejada com vento Leste que não era muito forte. Estávamos calçados no motor, quando o meu iniciou novamente a falhar e, para não me atrasar em relação aos demais, fizemos um novo reboque pelo Kauana III. Neste meio tempo, troquei as velas do motor e ele voltou a funcionar, fazendo com que suspendêssemos o reboque. Neste percurso, desviamos os baixios da Ponta Alegre, ponta dos latinos e ponta do juncal e os mangrulhos e sinalizações de acesso ao Rio Jaguarão, num total de 50mn navegadas.

Kauana rebocando Volare na subida do Foz do Jaguarão. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Chegamos na foz do Rio Jaguarão, lugar muito bonito com dunas de areia, juncos e vegetação rasteira, bastante aves de diversas espécies, onde existe um marco da divisa o lado brasileiro e outro do lado uruguaio. Enquanto caminhávamos para apreciar a beleza do local, veio a descoberta que tinha sinal de internet em cima de uma duna de areia. Como era apenas neste local que o sinal estava disponível, ele foi por um bom tempo disputado por todos. Atualizamos a previsão e vimos que, à noite, o vento iria mudar e não ficaríamos bem abrigados ali. Então seguimos 1mn rio acima para um abrigo melhor protegido para passar a noite.

Foz do Rio Jaguarão. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Quarta-feira – 18 de março
Subimos o rio Jaguarão, que é de navegação muito complicada, com muitos baixios e os famosos espigões, que são taipas de pedras que em certos locais estão na margem direita e outros na margem esquerda, variando assim no percurso do rio. Estes espigões são para evitar o assoreamento total do rio, resultando em um pequeno canal navegável.

O Comandante Angonese havia nos repassado a rota a seguir para desviarmos os baixios e os espigões, mas no caminho tive pane em meu motor que já vinha falhando nos dois últimos dias e acabei sendo rebocado pelo Kauana. Logo acima, acabamos encalhando em um banco de areia. Após alguns esforços junto da tripulação do Kauana, conseguimos desencalhar seguimos até o Iate Clube Jaguarão. Chegando no clube, o Sr. Cardoso e o Marinheiro Cláudio foram muito prestativos ao nos ajudar a atracar.

Iate Clube de Jaguarão. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Com acesso à internet e TV no clube, nos atualizamos do que estava acontecendo no mundo, em especial as notícias em torno do Covid-19. Não conseguíamos entender porque nossos familiares estavam apavorados e pedindo para que voltássemos urgente pois o problema era muito sério. À noite fizemos um churrasco na sede do clube onde fomos bem recebidos por alguns velejadores de lá, em uma ótima confraternização.

Durante o jantar, perguntei aos velejadores de lá se conheciam um mecânico de motor de popa. Eles disseram que não havia nenhum em Jaguarão, mas o Comandante Couto, do veleiro Macanudo, de Jaguarão, se propôs de ir lá no meio da tarde e fazermos juntos a limpeza do carburador caso eu tirasse o motor do barco e o deixasse pronto no cavalete lá do clube. Ele faz a manutenção do motor de sua embarcação.

Quinta-feira – 19 de março
Amanhecemos com nossos barcos encalhados. O rio baixou uns 20cm, e o meu, que tem calado mínimo maior do que os demais, estava adernado. Agora teríamos que esperar até o vento virar novamente para a lagoa represar o rio e seguirmos nossa viagem. Os tripulantes Juliano, do Kauana, e Luís, do Pomerano, embarcaram para Porto Alegre, e o Álvaro, do Cruzué, partiu para São Lourenço. O tripulante que iria fazer a segunda perna a partir de Jaguarão comigo desistiu em consequência das recomendações do Covid-19.

Pela manhã, com ajuda dos colegas tiramos o motor do barco e colocamos no cavalete do clube. Após, aproveitei para assistir vídeos no Youtube sobre como limpar o carburador de um motor igual ao meu (dica do Alfredo, mecânico do CDJ). No meio da tarde, conforme combinado, o Comandante Couto apareceu no clube e fez a manutenção no meu motor. Testamos em uma pequena embarcação de alumínio por meia hora, sem problemas e novamente com ajuda dos colegas o colocamos de volta no barco.

Em seguida, fui ao mercado e posto de combustível, sendo que os demais colegas já tinham tomado estas providências durante o dia. Neste meio tempo, vimos movimentação de militares, tanto do lado brasileiro, quanto do lado uruguaio, onde ficamos sabendo que também em função do Covid-19, tinham fechado a fronteira de ambos os países. Infelizmente isto acabou com nosso plano de navegar no território uruguaio. Finalmente todos estavam prontos para partir, agora com outros planos.

Sexta-feira – 20 de março
Para nossa felicidade, o rio subiu para o mesmo nível de como estava na nossa chegada. Partimos seguindo exatamente os pontos fornecidos pelo Comandante Angonese. Todos descemos o rio sem encalhes. Neste meio tempo, o Kauana entrou em algumas enseadas do rio para batimetria e pesquisa de possíveis abrigos, como já vinha fazendo todos os dias.

Seguimos até próximo a foz com uma parada para almoço na praia da árvore, um lindo lugar na margem uruguaia abrigado do vento. Tivemos o orgulho de conseguir largar o ferro em solo uruguaio pelo menos uma vez. Após o almoço, atracamos novamente na foz, no lado brasileiro. Desta vez com um tempo para caminhar na praia, apreciar toda a beleza que o local oferece e voltar a disputada duna da internet. No início da noite tivemos uma roda de chimarrão com bate papo em torno de uma fogueira onde programamos a jornada do dia seguinte.

Duna no Foz do Rio Jaguarão. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Sábado – 21 de março
Partimos ao amanhecer rumo ao Arroio Grande com vento Oeste fraco, percurso de 40mn ao Norte. O veleiro Pomerano antecipou e partiu já com destino a Porto alegre. Neste dia, pegamos um atalho sobre o banco do juncal, profundidade mínima de 1,5m que encurtou em 5mn o percurso.

Como o vento estava fraco, a tripulação do Mutuca e eu aproveitamos para desembarcar na praia em frente ao farol da Ponta Alegre, maior marco da Lagoa Mirim, enquanto a tripulação do Kauana e do Cruzué desembarcaram em uma praia mais ao Norte, e depois seguiram explorando enseadas e possíveis abrigos.

Após, todos seguimos em direção ao Arroio Grande, que tem acesso um pouco complicado como os demais arroios. Mas sem problemas, todos entramos bem. Um local muito bem abrigado no meio do campo, arroio com fundo de lodo e tivemos que desviar muitas redes de pesca ao longo dele. Para minha felicidade, meu motor não apresentou mais problemas.

Domingo – 22 de março
Levantamos cedo. O Kauana subiu o arroio e o Cruzué, agora com o Comandante Robinson em solo, também saiu do arroio e foi contornando a costa a procura de abrigos. Depois, seguimos todos para um pequeno balneário simples, mas bem bonito e muito interessante, chamado de Praia do Pontal, localizado 3,4mn ao Norte do Arroio Grande. No local há um camping, algumas casas simples de veraneio e pescadores. O Comandante Angonese não perdeu tempo e aproveitou para pegar algumas dicas de atalhos e abrigos com eles.

Após seguimos Oeste, rumo ao canal do sangradouro, o vento Nordeste (NE) começou a apertar. Entramos no canal do sangradouro, rumo Norte e navegamos numa orça apertada, inicialmente com 1,4 m de profundidade, mas no percurso apareceram várias redes dentro do canal, o que nos obrigou a desviar saindo deste e a profundidade chegou a ter 1m nestes pontos.

Entramos no canal de São Gonçalo, momento de grande alívio e orgulho de ter concluído a navegação na Lagoa Mirim, sensação de estar voltando para casa, similar ao retorno da Lagoa dos Patos quando passamos pelo farol de Itapuã. Navegamos até o mesmo local que tínhamos pernoitado na vinda, no canal pequeno da Ilha Grande. Chegamos lá ao entardecer. Foram 28mn navegadas neste dia.

Segunda-feira – 23 de março
Este dia foi bem tranquilo. Descemos o canal de São Gonçalo a favor da correnteza, mas com um vento Nordeste (NE) forte por 8mn. Entramos no Rio Piratini e, logo em seguida, em um pequeno arroio, chamado Contrabandista. Depois de uma curta jornada em relação aos outros dias, atracamos na margem do arroio, nos instalamos sob algumas árvores nativas e fizemos um belo churrasco, pois este era um dia muito especial: o aniversário do Comandante da Flotilha, Paulo Angonese.

Terça-feira – 24 de março
Dia do retorno. Partimos às 7h para chegar na eclusa às 11h. Foram 15mn no motor com vento forte Nordeste (NE). Passamos a eclusa, sensação de passar um portal de outra dimensão, voltamos a civilização e seguimos por mais 4,5mn. Às 13h chegamos no Veleiros Saldanha da Gama.

O retorno. Foto – César Missiaggia-Divulgação
Eclusa. Foto – César Missiaggia-Divulgação

Missão cumprida!

Algumas considerações, sobre a Lagoa Mirim:

Existe uma variação de nível de água muito grande dos meses de cheia (de julho a novembro) para os meses de estiagem (dezembro a abril), chegando a ter 1,5m de diferença.

A Lagoa Mirim é bem diferente da Lagoa dos Patos, pois possui um maior número de abrigos e estes são mais próximos uns dos outros, mas que dependem principalmente do nível de água da lagoa para acessá-los.

As cartas não são precisas. Antes de iniciar a viagem é muito importante estudar bem as possibilidades e pegar dicas com navegadores, pois por ter sido no passado rota de navegação, existem muitos restos de mangrulhos e obstáculos sem sinalização real.

Para nós, foram de extrema importância os pontos nos repassados antes da viagem e as reuniões na véspera das navegadas com o Comandante Angonese. Uma boa dica é que os navegadores de lá fizeram uma tabela comparando os pontos mais críticos de acesso com a régua do Iate Clube Jaguarão. Embora seja uma boa referência, ela pode sofrer uma pequena variação conforme os ventos.

Antes da partida, é necessário ligar para a ponte ferroviária e a eclusa para ver se ambas estão funcionando regularmente. Além de pararem do operar periodicamente para manutenção, chegou ao nosso conhecimento que logo após o nosso retorno elas estão operando somente para casos especiais em função do covid-19.

A leitura do livro “A LAGOA MIRIM, um paraíso ecológico” de Décio Vaz Emygdio é bem importante. Li antes da viagem e o reli quando voltei.

Com a intenção de buscar mais algumas informações, na semana que antecedeu a viagem procurei na internet se ainda existia aquele site que me despertou a curiosidade e o sonho de conhecer a Lagoa Mirim em 2012, muito antes mesmo de ter uma embarcação.

BINGO, achei!

www.pelosmaresdedentro.com

Para minha grande surpresa, este site ainda existe e foi escrito pelo Comandante Angonese. Tive a honra e o privilégio de participar desta aventura com as mesmas pessoas que me inspiraram muitos anos antes de conhecê-las. Há coisas mágicas que só existem no mundo da vela como fazer grandes parcerias e nossas próprias histórias.

Bons ventos a todos.
César Missiaggia.

Aproveite e clique aqui para conferir a apresentação realizada pelo Comandante César Missiaggia.