Porto Alegre, uma dádiva do Guaíba
Confira o artigo da jornalista Themis Pereira de Souza Vianna, editora da Revista Exclusive Brasil Mundo.
Pela janela do meu escritório tenho uma vista muito privilegiada. O Guaíba se mostra convidativo e com as suas metamorfoses de luzes, brilhos e sombras regidas tanto pelo efeito da posição do sol como pelo efeito das nuvens, exibe sempre um cenário de beleza diferente.
Às vezes, fico pensando sobre a relação entre o porto-alegrense e o seu rio. Faço comparações com outras cidades: a afinidade de Paris com o rio Sena, de Londres com o Tâmisa, de Bonn com o Reno e de Viena com o Danúbio.
Como essas cidades tratam os seus rios? Em 1991 as margens do rio Sena foram classificadas como patrimônio da humanidade pela UNESCO. Isso graças ao empenho de parte da população francesa que lutou por esse status. Os franceses tratam o Sena como um componente da sua cultura. Os seus bateaux mouches, barcos que transportam os turistas, fazem parte do dia a dia e atestam o uso oportuno, eficiente e organizado do rio. O amor dos franceses com o Sena é antigo. Serviu de inspiração à obra de diversos artistas, entre eles: Henri Matisse e Claude Monet.
Já os ingleses reverenciam o Tâmisa. Um passeio pelas águas oferece alguns dos melhores ângulos para suas fotos na capital britânica, como a Torre de Londres, a Tower Bridge, o Westminster Palace e o London Eye.
O Danúbio, que banha várias capitais europeias, entre elas Viena, também incluído pela UNESCO, em 1987, como Patrimônio Mundial. É bom lembrar que, fascinado pelo rio, Johann Strauss compôs a mais famosa das valsas, O Danúbio Azul, obra-prima que hoje consagra a cidade e o país. O rio Danúbio caracteriza-se na atualidade pelo turismo fluvial, uma vez que o O Guaíba para mim é inspirador, lindo, principalmente no mágico cenário do pôr do sol seu percurso passa por dez países ligando diferentes culturas e pessoas.
Conheço o Sena e o Tâmisa e me atrevo fazer comparações. É inegável a importância deles para Paris e Londres. Mas o Guaíba é muito diferente tanto na sua constituição hídrica quanto no seu cenário natural. Tem um rico corredor de biodiversidade de aves e animais em suas ilhas, principalmente na Ilha das Pombas. Volta e meia faço passeios pelos locais e avisto garças-brancas, garças-mouras e até algumas garças vaqueiras e, com menos frequência, a ave mais peculiar, engraçada e bela: o martim-pescador. É preciso lembrar também as várias espécies de calliandras com suas flores coloridas e muito perfumadas presentes nas ilhas. Claro, a fauna e flora vai muito além dessa observação.
O Guaíba, enfim, é o nosso grande patrimônio natural que precisa de uma boa política pública para a sua preservação. Necessita, muito mais, da consciência de responsabilidade coletiva do porto-alegrense. É um grandíssimo potencial turístico ainda adormecido comparando com os rios europeus.
De minha parte quero continuar a curtir o Guaíba tanto da janela do meu escritório quanto de todos os ângulos possíveis de outros pontos da cidade. O Guaíba para mim é inspirador, lindo, principalmente no mágico cenário do pôr do sol. É um magnífico momento de explosão de cores quentes que cobrem a cidade com tons variando entre o vermelho, o laranja e o amarelo, misturadas com dezenas e dezenas de tonalidades intermediárias.
É ou não, Porto Alegre, uma dádiva do Guaíba?
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